Hoje se abriu o sol…

Forte, já cedo, nesta quinta-feira depois do feriado do dia quinze.

O céu se mostra azul. Nenhuminha nuvenzinha branca a empanar-lhe o brilho amarelo e quente. Nada enseja a presença de chuva. E como ela se torna necessária nos ares da roça. Embora na cidade os cidadãos custem a entender de onde vem a comida que sobra em suas mesas. Conquanto em outras ela mais e mais escasseia. Caso a chuva tarde em cair, num futuro não muito alvissareiro, só nos vai restar a dieta asfáltica. Temperada por um tempero insosso, de sabor poeirento, sem que o alho, a cebolinha, as lindas salsinhas, as cenourinhas que fazem a alegria dos coelhos cuidem de conferir saúde as nossas entranhas famintas por alimento. Embora a fome por cultura, por uma boa leitura, cada dia mais, em nosso país, sobretudo, mostra-se ausente. Infelizmente.

Dias cinzentos existem. Mentes lúgubres e taciturnas também ensejam descontentamento.

Sou refém do clarume dos dias. Ao ver o sol brilhar forte, sobremodo após admirar as cores do arco-íris com seus matizes todos, aí sim, como meu peito se abre as novas amizades. Não apenas no Face. Como as genuínas como aquelas que se foram depois da intervenção maldita da morte. Que pode tardar mais não falta.

Hoje o sol brilha forte. A previsão de chuva, dada pelos entendedores, não tem se confirmado. Mas logo deve chover. Como apregoa o matuto da roça. Olhos pro alto. Orando contrito. Antevendo nos rabos de nuvens indícios seguros do nascimento daqueles pingos molhados, um a um em queda livre, nascidos de nuvens escuras, de um céu de repente cinzento.

Espero, de alma seca, tomara que ela logo não se faça de rogada e se transforme em chuva criadeira, despencando em uma aragem fininha do alto onde Deus mora.

Anseio para que os bons homens do campo logo sejam satisfeitos com suas roças de milho recém plantadas se tornem grandes pés de milho em longas fileiras, espigas granadas, que logo pendoem, e encham silos enormes fazendo sorrirem as vacas de úberes cheios, bezerros novinhos aos pés. E que o preço pago ao leite suba ao seu valor máximo. Mais que uma garrafa de cerveja. Bem mais, pois isso é justo.

Hoje acordei, nesta quinta-feira luzidia de luz, com a alma sorridente. Sou todo sorrisos para as pessoas que comigo se cruzam nas ruas. O final de semana se anuncia de aqui há dois dias. Logo entra o sábado. Despede-se a sexta-feira. E logo dá lugar ao domingo.

Confesso certa antipatia aos domingos. Não sou de ficar sem fazer nadica de nada. De papo pro ar. Observando os passarinhos piarem. As árvores pedirem a presença da chuva. A grama verde sorrir seu verdume sem par.

Hoje abriu-se o sol. Amanhã, sexta-feira, tomara chova sem par. A pastaria por certo agradecerá. O verde sobretudo vai se banhar num verdume mais fecundo. Do mesmo tamanho da minha mente hiperativa. Que não suporta ficar sem correr ou escrever. Tenho a lida de urologista inserida entre as duas. Hoje nutro pela urologia um carinho sem par. Pela literatura um amor sem limites. Pelas pernas andarilhas um chamego especial. Pela vida um sopro de amor não filial. Pelas pessoas uma preocupação para que elas procurem um lugar ao sol. Mas cuidado com a exposição excessiva ao astro rei. Ele pode enfeitar a vida de amarelo. Como idem causar malefícios a pele. Sobremodo aos propensos ao câncer da epiderme.

Hoje o dia, e eu, fomos acordados com uma luz extrema a ofuscar-nos os olhos. Tomara a noite se refresque. E a semana finde com chuva a cair sem exageros.

Hoje, cedo, agora são exatos sete horas e trinta e três minutos, o sol ainda reluz sua luz amarela. Não fosse a persiana da minha janela não sei o que seria de mim. Nem ao menos do aquário que me olha com olhos nadadores. As oito da manhã deixo o escritor descansar. Para voltar amanhã, bem cedo. É nas horas tempranas que a inspiração borbulha forte dentro de mim.

Hoje abriu-se o sol. Amanhã deve a chuva entrar em cena. Em nossa vida de cada dia por vezes as cortinas se abrem. Para se fecharem tempos depois. Assim se mostra a beleza da vida. Ora brilha o sol. Ora o azul do céu acinzenta-se. Dentro do meu eu é sempre assim. Dentro da bipolaridade que me consome.

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