Lá fora brilha o sol

Maldigo os domingos.

Dia dedicado ao descanso, ao nada fazer, quando raras vezes passo em meu consultório, na intenção de escrever.

Acordo a mesma hora de sempre. Nos últimos tempos não fujo da cama. Não tenho corrido nas madrugadas frias. Nem ao menos saio de casa, como deveria.

Ao revés. Tomo meu café madrugão. Ou vou à televisão ou leio um cadinho. Só depois deixo a casa onde vivo feliz.

O supermercado é o ponto para onde me desloco. Assim que deixo a casa. Faço algumas compras para passar uma semana. Antes éramos apenas eu e minha querida companheira. Agora meu filho e sua esposa esperam ansiosamente a vinda do meu segundo neto.

Como o domingo custa a passar! Via de regra almoçamos fora. Nem a roça que tanto amo fui neste final de semana que felizmente hoje termina.

Amo as segundas. Nem todas elas se assegundam. Muitos renegam este dia. De começo de semana, quando o trabalho nos espera.

Cheguei a minha oficina de trabalho caminhando sempre. Lá fora o sol brilha. Um friozinho gostoso logo cede lugar a um calorzinho invernal.

A melhor hora do dia é quando este começa. Renego a noite. Acho o sono um desperdício. Já que já passei por tantos anos e nem sequer imagino quantos mais terei pela frente.

As horas madrugadas são quando a inspiração me assalta de mãos livres de armas. É agora que escrevo. Depois das oito vão chegando os pacientes. Um a um. Progressivamente.

Hoje acordei com uma sensação de nostalgia a brotar dentro de mim. Não sei o motivo. São sentimentos indefiníveis. Quase impossíveis de descobrir a razão.

Dias existem que sou assim. Principalmente aos domingos. Os quais passo sem nada a fazer. A não ser pensar na semana que começa. Nas segundas as quais amo tanto. E nos outros dias iguais.

Hoje não acordei com a disposição costumeira. Estou bem de saúde. Só que o domingo, dia insosso, não fez bem ao meu estado de espírito.

Alguma coisa me faz ver a vida sem as cores de antes. Espero que durante a semana melhore. E me torne mais feliz. Como por vezes acontece.

Um friozinho insistente me acompanhou ao descer a rua. Era bem antes das sete. Meia hora antes.

Sempre de fone de ouvido ligado procurava músicas que me dessem ânimo. Foram debaldes as tentativas.

Continuava triste. Sem razão aparente.

Agora são sete horas de um novo dia. Uma segunda linda. Lá fora o sol brilha forte. Ao revés do que acontece dentro de mim.

São sentimentos inerentes a quem escreve. Todos temos um quinhão de sensibilidade. Que responde pelos nossos altos e baixos. Agora estamos tristes. Mas, de repente o sol brilha forte. E tudo se transforma dentro da gente.

Ontem passei um dia sem nada a fazer. Já hoje amanheceu uma segunda linda. Ao contrário do brilho agradável do sol dentro de mim pairam nuvens escuras. Mas nada indica que chova mais tarde. Tomara a chuva volte ao final de semana. Para que outro domingo, mais feliz, me faça pensar no quanto a vida é maravilhosa.

Do lado de fora da minha janela brilha o sol. Agora, de pouco, de novo o brilho do sol me tornou mais feliz. Não sei como estarei mais tarde. Tomara a semana que começa agora seja bem melhor que o final de semana que passou.

Acordei sem sentir o brilho do sol dentro de mim. Agora tudo se transformou. Terminei este texto pensando na vida. Ela deve ser vivida como se fosse toda colorida. Mas nem sempre acontece. Isso faz parte de nós. E nem se pode mudar este sentimento. Arraigado dentro da gente. Seres mutantes que somos.

Deixe uma resposta