Desejos sinceros

O fim de ano se avizinha. Veloz como um raio. Verdadeiro como são os amigos sinceros.

O ano que quase termina não tem sido fácil. Dificuldades tempos passado por elas.

Desemprego, mães que estendem a mão à procura de esmola para sustentar a filha que traz nos braços. Em cada esquina mais um ao desabrigo. Esmolantes dormem com as cabeças cobertas debaixo das marquises. Quando chove não há como evitar que aquelas mantas rotas encharquem-se por completo. Pais de família desesperados não sabem a quem recorrer. Perambulam pelas ruas procurando trabalho. E, na maioria das vezes não o encontram. E continuam a tentar. Até quando? Não se sabe.

O país, a exemplo de outros vizinhos passa por uma crise sem precedentes. Mas o brasileiro, fiel aos seus anseios, deposita a esperança em dias melhores.

Finalmente o ano termina. As festas de Natal são outro episódio que merece consideração.

O Natal assinala ao comércio boas vendas. Mas, e o verdadeiro espírito natalino? Qual seria ele senão mais lucro, mais dinheiro no caixa, mais festas de confraternização? Para aqueles pedintes, sem teto, para as crianças de rua, para os desempregados, o Natal se transforma radicalmente. Para eles falta de tudo. Principalmente felicidade.

Desde quando jovem menino tinha desejos. Sobejamente durante as festas de final de ano.

Gostava de ganhar presentes. Acontece que meu aniversário quase coincidia com a data do Natal. E, menino ainda, sonhava com aquela bicicletinha de rodinhas amarelas, com aquela patinetezinha de rodinhas de metal, com aquele caminhãozinho de madeira, e com outros brinquedos tantos, que nem me recordo quantos.

Quase não dormia na véspera do dia vinte e quatro. Passava de olhos abertos, imaginando a manhã chegar, para depois desembrulhar os presentes, um a um, antevendo um dia pródigo em felicidade. A figura do Papai Noel para mim era de verdade. Não um simples personagem das histórias em quadrinho. Um velhinho de barbas brancas, vindo do polo norte, trazido por um trenó de renas, com um enorme saco cheio de presentes, mostrando na face rechonchuda um enorme sorriso franco.

Depois que o menino cresceu as crenças foram se apagando. Passei a ser eu mesmo o bom velhinho. Principalmente na falta dos meus pais.

Os desejos da mesma forma foram se transformando. Não mais gostaria de ganhar presentes. Hoje a data do meu aniversário para mim perdeu a magia. Agora transfiro aos meus netos o prazer que antes possuía.

Como tudo na vida se transforma meus desejos foram pouco a pouco se metamorfoseando.

Não mais faço questão de ganhar anos de vida. Prefiro que os anos não passem com tanta velocidade.

Nesta véspera de final de ano meus desejos são outros.

Deixo de lado os antigos regalos que recebia debaixo daquela arvorezinha de Natal. A bicicletinha de rodinhas não faz parte dos meus desejos. Nem ao menos a patinete que me veio à lembrança. Nem mesmo sei se ela existiu na minha infância.

Desejo sim, em verdade, que as dificuldades que o país atravessa sejam ultrapassadas. Que a nossa gente consiga realizar seus sonhos. Que a corrupção tenha um ponto final. Que o governo entrante nos leve a um porto feliz. Que a política de nosso malsinado país mostre a verdadeira cara. Desejo que a saúde em verdade seja um direito de todos. E não apenas de uma minoria privilegiada. Desejo que a educação se torne prioridade de nosso governo. Que para ela não faltem recursos. Que os professores tenham o valor devido. São eles quem nos levarão a um lugar seguro.

Desejo, do fundo d’alma, que a crise, o desemprego, sejam vencidos sem muitos percalços. Que no ano vindouro nossas esperanças em um futuro melhor seja plena de realidade.

Que os pais de família se tornem homens que possam trazer pra casa tudo que seus filhos almejam. Que não falte comida na mesa. Que seus filhos possam lembrar-se do quanto foi bom o ano que se avinha.

Que o Brasil tome juízo.

Desejo, neste final de ano, que as transformações sejam feitas de alto a baixo. Que a honestidade predomine. Que a felicidade domine os lares. De todo o povo brasileiro.

Desejo ainda, para não alongar muito a lista de meus desejos, que nas festas de fim de ano seja lembrado o verdadeiro espírito de Natal.

A figura de Deus pai. O nascimento de Cristo. Que não faltem presentes para os filhos. Mas que também a fraternidade impere. A igualdade predomine.

Desejo que o fosso social não se aprofunde tanto. Que os mendigos não tenham de esmolar tanto. Que aquela senhora, com a filha nos braços, não tenha de ficar na esquina tentando vender panos de prato. Para minimizar a fome da filhinha.

Por fim, desejo a todos vocês, amigos e desconhecidos, que tenham um fim de ano pleno de felicidade. E um ano novo melhor a todas as famílias. A exemplo que tenho no meu lar. Graças a Deus que me ilumina.

 

Deixe uma resposta