Como choveu durante a noite.
Novembro anuncia a presença de muita chuva.
Pela janela do meu quarto podia-se perceber uma chuvinha mansa. Dormi como se não tivesse dormido desde o ano passado. Tenho o sono curto. Acordo antes que a madrugada se anuncie.
Nesta quinta-feira, sete de novembro, lá fora o dia se mostra acinzentado.
Mais chuva deve cair no decorrer do dia. Tomara. Imagino como deve estar feliz a boa gente da roça.
Neste sábado é dia de fazer uma vistinha ao meu pedaço de chão. A pastaria deve estar enverdecida pela chuva que tem caído. As jabuticabas devem estar maduras. Disputadas a bico pelas maritacas.
Mal consigo ver o sol. Ele, nesta hora temprana, deixa-se encobrir pelas nuvens densas.
Dias nublados conseguem encobrir a alegria que brota dentro de mim. Prefiro o clarume do sol. A azulice do céu. A luminosidade que porventura me recebe a cada manhã. Mesmo sabendo da importância da chuva. Não aquela chuvadonha imensa. Que faz despencar barrancos e põe ao desabrigo famílias inteiras. Como é triste constatar o fato que a pobreza cada vez mais impera em nosso amado país. Milhões de pessoas vivem com menos de um salário mínimo. A legião dos miseráveis aumenta cada vez mais. O desemprego se mostra em cada esquina. A violência tem predominado segundo os noticiários.
Em dias nublados prefiro ficar na cama. Embora o trabalho me chame. A partir das oito tenho de estar no consultório. Pacientes estão agendados a partir das oito da manhã.
Em dias nublados minha alma se entristece. Uma sensibilidade ímpar brota dentro de mim.
Tomara mais tarde venha o sol. As nuvens cinzentas se desfaçam em gotas de chuva. Para dar lugar a uma tarde rica em sol. Com o céu claro. Para que a minha tristeza se desanuvie. Para que minhalma se abra em alegria.
Dias nublados fazem-me pensar na tristeza. Nestes dias prefiro me trancar dentro de mim.
Agora, são quase oito da manhã, o sol ainda não se abriu. Nuvens cinzentas prometem mais chuva no decorrer do dia.
Pena que não possa ditar o que vai ser nesta quinta-feira. Quase começo de novembro.
Em pouco mais de dois meses o ano termina. Em dezembro aniversario. É tempo de Natal. De repensarmos o que passou. De fazer a contabilidade dos nossos acertos e senões.
Hoje o dia amanheceu cinzento. Choveu durante a noite.
Quem sabe, no decorrer do dia, o sol brilhe forte. Para afastar a nostalgia que brota dentro de mim.
Nada contra a chuva que cai. Nada contra as nuvens de onde despenca a chuva.
No entanto, contrariando o encanto, prefiro aos dias nublados a alegria da claridade. Ela pode ofuscar-me a visão. Mas, dentro do coração, sinto como se fosse uma avalanche de sentimentos: bons, ternos, amenos.
Agora uma luzinha tênue aparece na linha do horizonte. Tornando a cinzentice do dia em alegria. E como viver é bom. Tomara eu consiga fazer com que os dias nublados se tornem dias ensolarados. Para novo chover durante a noite. E amanheça um novo dia. Pleno de felicidade.