Aquele garoto traquinas…,sou eu

Ontem fui levar e trazer meu neto da escola.

Theo não deixa por menos. Ele corre. Foge de mim. Esconde-se em lugares imprevisíveis. Mas logo é encontrado. Sorridente, com aquele ar de moleque a se deixar ver em seus olhinhos espertos.

Passo horas alegres ao lado dos meus netinhos. Hoje são três. Em ordem de idade nomeio: Theo, Gael e Dom.

O primeiro vi nascer. E com que felicidade o tive nos braços. Lambuzado naquele liquido protetor logo uma enfermeira cuidou de fazê-lo limpinho. Prontinho a receber o afago de sua mãe. E o abraço caloroso do seu pai.

O segundo, Gael, nasceu quase um ano depois. No mesmo hospital onde até hoje trabalho. Foi a mesma alegria, igualzinha, de quando tive o prazer de abraçar meu primeiro neto.

Já o terceiro, Dom, nasceu na véspera de Natal. Tive de ficar com o Theo quando sua mãe foi levada à maternidade. E não vi o mais novinho nascer.

Nesta semana, que está pela metade, tenho tido a alegria de passar horas e horas ao lado do Theo e do Dom. Acontece que seus pais estão em viagem.

Ontem, ao cair da tarde, quando de volta da escola do Theo, levando Dom juntinho, passamos por um supermercado.

Quase foi preciso laçar o safadinho do Theo. Pois ele corria de mim. Brincando de pique- esconde.

De repente me vi menino. Nos ombros do meu saudoso pai, bracinhos pro alto, sorria para uma fotografia que fica por detrás de onde estou. Minha querida mãe compõe aquele cenário idílico. Acredito que tudo isso se passou em Boa Esperança. Cidade onde nasci. Mas foi Lavras que me recebeu desde a tenra idade.

Foi na mesma escola que Theo estuda que passei parte da minha infância. Ainda me lembro, com saudades, daqueles tempos bons. Onde passei a melhor parte da minha vida.

Muitos colegas de turma não mais estão por aqui. Eles se tornaram estrelinhas no céu. E fazem companhia aos meus pais.

Agora, bem cedo, de volta ao passado, naquela rua que daqui se avista pelos fundos, onde morei tempos atrás, revejo parte do meu passado.

Aquele garoto traquinas, parecido ao meu neto Theo, que se deixa ver nos ombros do meu pai, sou eu.

Pena que não se pode voltar a infância. Longe de mim a esperança de voltar aos verdes anos.

Quando eu, brincando naquela rua, da mesma idade do meu primeiro neto, fugia dos olhares enternecidos dos meus queridos pais.

Ontem aconteceu tudo de novo. Em circunstâncias díspares.

Theo fugia de mim.

Já hoje cedo, olhando aquela fotografia em preto e branco, aquele garoto traquinas sou eu.

 

 

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