Sou feliz, dentro da simplicidade que mora em mim

Difícil definir felicidade. Senti-la mais fácil se torna.

Pra mim é aquele sentimento que inunda-nos a alma. Inebria os nossos pensamentos. Faz com que a gente se sinta alegre. Com um sorriso largo a iluminar-nos a face.

Ela por vezes nem sempre está presente. Em todos os momentos do nosso viver.

Por vezes ela se esconde em alguns instantes. Existem vários motivos para que a felicidade escape. Tornamo-nos tristes sem motivo aparente. Isso acontece com aqueles que têm a alma sensível. Os poetas, sonhadores, bem entendem o que digo. E não preciso me estender além das entrelinhas para ilustrar meu escrito.

Ser feliz combina, segundo o meu crer, com singeleza, com o bem estar que sentimos, ao ver uma flor desabrochar, um passarinho avoar, uma criança sorrir.

Ser feliz dá no mesmo que acreditar num ser superior, que não se deixa ver, no entanto Ele se faz presente em todos os momentos da vida, mesmo quando ela parece sem sentido, vazia.

Ser feliz é estar em paz consigo mesmo. Embora as contrariedades apareçam, devemos ludibriá-las. Na doce ilusão de que a felicidade não se mesura em jardas, em polegadas, ou em centímetros ou metros. E sim um diminuto fiapo de linha pode ser o bastante para nos sentirmos felizes. A cada instante.

Bem sei que a vida passa. Pra mim ela já estendeu além do necessário. Daí o meu desejo de viver um pouco mais. Para poder acompanhar meus netos. Até vê-los felizes, no caminho que elegeram para si mesmos. Tomara a minha vontade seja satisfeita. Oxalá.

Aquele homem, bem vivido em seus muitos janeiros, sempre que passo por ele, naquela estradinha vicinal, dou uma paradinha breve.

Ele sempre está sorrindo. Na sua banguelice estridente.

Seu Zé parece que nunca teve problemas. Se os teve não demonstra. Sorri da própria desgraça. Pilheria com o próprio sofrimento.

Num passado perto fui informado da perda de um filho. Ele foi ao velório. Dali saiu mais aliviado. Sorrindo do próprio infortúnio.

Noutro ele perdeu a esposa querida. Depois de incontáveis anos de casado. Durante o seu sepultamento ele sorria. Mais parecia que estava celebrando o próprio matrimônio.

Nunca percebi aquele homem bom angustiado. Sempre sorrindo. Pronto a ajudar aos outros.

Seu Zé sempre me passa um de bem com a vida. A mesma vida que pode ser pesada demais aos nossos ombros frágeis.

Naquela manhã de inverno, o sol despertara fazia tempo, assentado àquele banquinho tosco, à beira da estrada, quando parei um cadinho perto do amigo Zé, dele ouvi este ensinamento. Que passo a vocês nesta manhã de final de junho.

“Por que razão sempre o vejo sorrindo? O senhor não tem momentos de infelicidade”?

Seu Zé me respondeu, sem pestanejar, num átimo: “sou feliz sim. Dentro da singeleza do meu viver. Sou feliz a minha maneira, dentro da simplicidade que mora em mim”.

Fui embora tentando seguir os ensinamentos daquela pessoa boa. Embora sem saber o que vai ser de mim…

 

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