Meras conjecturas

Ontem pensei. Ou seria mais um devaneio?

Na próxima segunda-feira, dia sete, estarei um ano mais velho.

Os anos passam e a gente nem consegue frear o acelerador. Os dias passarinham. E eu nem sinto as asas avoarem.

O tempo passa num ritmo alucinante. Ontem era novembro. Dezembro adentrou. Sorrateiro, quando acordei naquela terça-feira que passou, já era outro mês.

Em alguns dias chega o Natal. Diferente dos anos passados. Nem sei se o bom velhinho vai ter coragem de entrar pela chaminé. Devido à pandemia ele ganhou alguns quilinhos. Ficou mais gordo ainda. E ele pode, devido à pressa de entregar os presentes, entalar naquele caminho estreito.

Mesmo assim continuo a viver e a conviver. Não sinto em absoluto o passar dos anos.

Ontem fazia vinte anos. De repente pulei aos trinta.

Deixei de ser criança na ingênua esperança de encontrar um mundo melhor. Era este o mundo que gostaria de deixar aos meus filhos e netos. Mais um ledo engano quase me fez perder a esperança. No entanto ainda persisto em perseguir meus sonhos. Apesar de a maior parte deles se esboroarem. Tornarem-se fumaça depois de uma queimada que quase me consumiu por inteiro.

Quem sou eu? Por vezes me indago. São tantas indefinições que me atropelam.

Quem seria eu para deter a marcha do tempo. Quem sou eu para dizer que sou imune aos ressentimentos.

Quem seria eu para fazer deste mundo uma casa melhor para vivermos e convivermos? Se eu nem mesmo sei o que vai ser de mim.

Quem seria eu para vaticinar o que vai acontecer neste final de ano. Hão de considerar comigo que não foi um ano bom.

No entanto, dentro das minhas conjecturas banais, dentro da esperança que me cavouca por dentro, espero que dois mil e vinte e um vai ser um ano bem melhor do que aquele que se despede, em muito breve.

Quem sou eu para adivinhar o que o amanhã vai nos trazer. Se nem mesmo sei o que me aguarda ao fim do dia. Ao final do mês, pura fantasia.

Quem seria eu para aquilatar onde estarei de agora a algumas horas. Apenas conto os minutos. Para este ano terminar.

Na segunda-feira estarei um ano mais velho. Um novo ano nos espera.

Que ele chegue trazendo felicidade e prosperidade a todos que neste mundo vivem.

Que sejam felizes dentro das suas possibilidades.

Quem sou eu para evitar a passagem do tempo. Se nem mesmo posso retardar a voracidade das horas.

Quem seria eu, dentro da minha pequenez, para predizer o que vai ser da gente.

Neste mês de dezembro. No próximo ano. Em outra vida, se ela que ela existe.

Apenas sei que nada sei. Continuo a acreditar que o melhor vai ser continuar assim. Vivendo simplesmente.  Sem nos preocuparmos com o que será.

Quem seria eu? Apenas um menino velho. Que pensa ainda ser criança. Embora os anos digam o contrário.

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