Hoje amanheceu um dia lindo como ela

Sete de junho. Outono com seu frescume habitual.

O dia amanheceu resplandecente.

Nem frio ao exagero. Nem quente ao destempero.

O sol já acordou faz tempo. Nuvens tímidas tentam apagar o brilho do sol.

Do lado de fora da minha janela, olhando pela mão esquerda, lá embaixo, naquela mesma rua, a mesma casa onde cresci. Agora ela se mostra vazia. Não de saudades. E sim de pessoas.

Ela agora está desabitada. Quem lhe imagina o futuro? O passado certamente fez parte uníssona de mim.

Agora aquela mesma casa mudou de mãos. Tomara não façam dela escombros. Que os novos donos respeitem pelo menos a memória dos meus pais. Ignoro se eles os conheceram. Imagino que não.

Ainda me lembro da minha querida mãe. Ela nos deixou órfãos há exatos dezesseis anos. Foi numa tarde triste que a acompanhei ao mesmo hospital onde ainda trabalho. Chamaram-me ao telefone quando ainda operava no mesmo centro cirúrgico onde ela se despediu da vida.

Ainda me lembro de suas últimas palavras: “Paulinho, será que eu vou morrer”?

A resposta não veio naquela hora fatídica. Preferi tentar, ao lado de outros colegas, restituir-lhe a vida. Mas ao mesmo tempo senti que as tentativas eram infrutíferas. Seu coraçãozinho fraquejava. O ar lhe faltava. Em alguns minutos, naquele dia do qual nunca irei me esquecer, acabei me despedindo de minha mãezinha querida.

Hoje ela completaria noventa e nove anos exatos. Quase centenária.

Hoje é sete de junho. Data do seu aniversário.

Tenho, por detrás de mim, varias fotografias de minha saudosa mãe. E como ela me faz falta.

Sinto a ausência do seu carinho. Do seu desvelo. O seu sorriso ainda me faz lembrar de quanto a amava.

E ainda a amo. Mesma na sua ausência. Sei que ela mora num lugar especial. Decerto ela ainda dá aulas. Que inveja sinto dos anjos. Com aquela doce professora a lecionar numa sala de aula no céu.

Minha querida mãe hoje, nesta data especial, não está mais aqui para celebrarmos o seu dia.

Sete de junho, e nos outros dias, traz-me lembranças dela.  Que bom seria poder abraçá-la novamente. Dizer o quanto a amava. O quanto sinto saudades dela.

Sete de junho cai numa segunda-feira. De um mês de junho. Nesta data ela faria noventa e nove anos. Parece que foi ontem que ela partiu.

Minha mãe. Neste dia lindo, deste junho, seu dia, acordei pensando em você. O quanto você ainda me faz falta. A sua presença é sentida em cada flor que desabrocha. Em cada momento de minha vida.

Se pudesse voltar no tempo, quando a senhora ainda vivia, que bom seria estreitá-la em meus braços, dizer que ainda a amo, mesmo na sua falta.

Sete de junho é o aniversário de minha mãe. Bem sei que esta data vai se repetir. Pra sempre. Pena que a senhora não vai estar presente. Como sempre está presente nas minhas lembranças mais ternas. Hoje e sempre.

Hoje amanheceu um dia lindo como ela. E como sua beleza, pra mim, vai se perenizar pra sempre.

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