Existe vida além do futebol ?

Pra mim não restam dúvidas.

Dentro de outras linhas, não retangulares, como as do futebol, num campo de menores dimensões, são disputadas partidas geniais.

Meu ícone está prestes a se aposentar. Federer deve se afastar definitivamente do tênis em sua terra natal. A linda Basileia. Cidade suíça fronteiriça à França e Alemanha. Onde escorre o rio Reno. Onde o grande jogador de tênis nasceu.

E a vida escorre pachorrentamente rio abaixo. E a mesma vida continua… Mesmo depois da aposentadoria de jogadores de futebol.

Muitos deles jogam até passados os tantos entas. Já outros, descuidados, por amarem as baladas, trocam o dia pelas noitadas, são obrigados a se afastarem do esporte antes do tempo.

E, por falta de tirocínio, e de quem os oriente, acabam na sarjeta do esquecimento. Não tem futuro condizente aos salários que perceberam. E jogam ao lixo todo aquele passado de fama e glória. Como tantos que a história mostra.

Um dia perguntei a um amigo, jogador de um passado glorioso, hoje afastado do esporte das chuteiras, se por acaso, aos trinta e quatro anos, não gostaria de voltar a jogar na linda Europa.

Embora soubesse que ele tinha condições para fazer bonito em qualquer clube da primeira divisão em terras brasileiras, ele assim me respondeu: “Paulo. Sei que sim. Não tenho dúvidas. Ainda jogo um bolão. Só que, agora, nesta altura do campeonato, tenho familia cá nesta cidade. Amo meu menino. Morro de paixão por minha esposa. Enquanto eu percebia de salários, fora bichos, por vitória, na Suíça, onde joguei por alguns anos, ganhava, entre luvas e patrocínios, o equivalente, em reais, mais de vinte mil deles. E gastava, já que morava só, menos de um terço desta soma que caía na minha conta bancária antes do final do mês.

E este amigo fiel, meu professor de alemão, fluente em seis idiomas, sempre que dele preciso é só passar um zap.

E ele aqui vem. Num átimo de instante. Subindo pelas escadas deste meu sétimo andar.

Ele tem uma inteligência e disponibilidade ímpares. Não reluta um segundo em ajudar.

Hoje, atribulado com meu novo celular, que não conseguia identificar, entre meus contatos, aqueles com quem gostaria de conversar pelo whatsup, recorri a ajuda de entendidos e entendedores, perdi horas a fio iludido com falsos sabedores, na tentativa malograda de sanar o  defeito, foi ele, somente ele, que deu desfecho ao campeonato.

Nós vencemos a partida, juntos vencemos, e meu amigo Lyon Herbert Oliveira de Jesus, o personagem Fabian Stein, protagonista de meu último romance: “Por quem os sinos não dobram”, provou-me e comprovou-me que sim.

Existe sim. Vida além do futebol.

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