“Mãe! Será de que que ele morreu”?

Mariazinha, menina inteligente, aplicada nos estudos, amava os seus peixinhos, multicores serezinhos, que viviam num grande aquário, em seu quartinho de dormir.

E ela cuidava com todo esmero daqueles seres coloridos. Cada um com sua personalidade própria.

Ela mesma comprava ração.

Ia à loja onde vendiam peixinhos de aquário. Bem conhecida do proprietário. Um velho rabugento que não poupava elogios àquela menina doce como batata doce em festa de São João.

Mariazinha tinha verdadeira adoração por seus peixinhos. Pena que de vez em quando algum deles sucumbia. E aparecia boiando naquela linda piscina espelhada.

Mariazinha sepultava o recém-moribundo numa covinha rasa. E enfeitava a sepultura com um lacinho de fita amarela.

Um deles, vermelhinho, com um rabinho estiloso, era o de sua predileção.

Foi batizado de Rubinho. Era da espécie chamada de japonês. Embora não se saiba o verdadeiro nome cientifico.

Rubinho se destacava dentre os demais por ser bastante arredio. Quando Mariazinha aparecia ele ficava no fundo do aquário. Parecia que dormia.

Abanava a cauda como se conhecesse a dona. E, de sua boquinha parecia que emanava um sorriso.

Depois que os outros se alimentavam era a vez de Rubinho. Ele subia à superfície meio encabulado. Comia o farelo de pão com ares de quem apreciava a guloseima. O fato se repetia por anos a fio.

Era uma noite quente do mês de janeiro.

Anos se sucediam. Mariazinha, de vez em quando, retirava um peixinho boiando, mortinho naquela noite. Abria o tampo de vidro. E retirava o defuntinho com uma rede de pesca.

Foi numa manhã, dia lindo, quando Mariazinha acordou, era ainda bem cedo, por volta das cinco horas, se tanto, deparou-se com uma cena angustiante.

Rubinho arfava de falta de ar. Nadava com dificuldades.

Mariazinha imaginou o pior. E aconteceu o fato não esperado.

Rubinho foi retirado das águas mortinho da silva.

Foi-lhe dado um sepultamento digno dos grandes amigos.

Durante o sepultamento, que se deu numa lápide de pedras do fundo do aquário, Mariazinha perguntou a mãe, qual seria a doença que acabou vitimando Rubinho.

Dona Aurora, preocupada com a pandemia, para tentar não enganar a filha, deu uma desculpa esfarrapada.

“Minha querida Mariazinha. Deve ter sido uma doença de peixinhos idosos. Afinal Rubinho já era bem velhinho”.

Mariazinha, ainda preocupada com a causa mortis do amiguinho, bem informada sobre a tal pandemia, respondeu com esta assertiva: “ah! por certo seria a covid. Ainda ontem o vi tossindo. Queixou-se de uma dor nas nadadeiras. E estava um pouco quentinho”.

Em poucos dias todos os peixinhos do aquário acabaram boiando. No atestado de óbito foi dado o laudo da tal virose maldita.

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