A linda moça mulher que se derreteu num sorriso

Existem belezas de vários tipos e nuanças.

As belezas louras, morenas, queimadinhas de sol, amarelas como as asiáticas, quentes como as tropicais, frias como as escandinavas, brejeiras como a mocinha da roça, com suas covinhas fartas, sorriso envernizado de um brancume sem par, tímida como uma saracura escapista, aquela de cujo pai, pessoinha sem defeitos que deseja à filha um casamento na igreja, de véu e grinalda, embora sabendo que a linda mocinha já se perdeu num matagal com o primeiro caboclo de boa lábia que apareceu, depois daquela festa junina que aconteceu em julho, a qual todos pensam ser virginal, e outros tipos típicos de fêmeas que satisfazem a todos os gostos e desgostos, sem desgostar a ninguém.

Há os que não gostam de mulheres. Os que preferem os de mesmo sexo, são os homófilos, pessoas as quais não considero aberrações da natureza, simplesmente apreciam acarinhar as partes íntimas de outros iguais. Da mesma forma existem mulheres, como bem disse Martinho da Vila: “já tive mulheres de todas as cores, de várias idades e muitos amores”…, que apreciam amar outras do mesmo sexo. Em absoluto, pensando convicto, não me oponho a elas, elas são elas, sabem melhor do que ninguém o que lhes toca fundo a alma.

A minha preferência exalta: as tais mulheres de uma beleza que extrapola a beleza. São lindas por dentro e por fora. No sorriso aberto, na simpatia manifesta, na candura entreaberta, na finura de trato, na cultura que se mostra nos mínimos detalhes: na prosa sem afetação, no conhecimento da literatura vasta, no interesse pela música, seja em que corpo se mostrar, no trajar, mesmo que não seja numa roupa de grife, ou sem roupa, mesmo que o corpo não seja o mesmo dos idos anos, simplesmente a mulher que não demonstra desenganos pela forma que os homens pensam delas.

Essa moça de exemplar beleza a conheci numa academia de um clube aonde sempre vou. Ele faz parte uníssona e indelevelmente ligado a um passado do qual não desejo nunca desligar-me.

Vem de longe nosso conhecimento. Nem me lembro quando foi a primeira vez. Sei que, desde o primeiro contato, não houve contato físico, mal um aperto de mão, um selinho na face, quando a tal moça mulher não aparece por lá, é como se as esteiras não corressem frenéticas, as bicicletas não pedalassem tanto, os aparelhos de musculação estivessem enferrujados, a luz não brotasse do alto, as estrelas não brilhassem, os vagalumes não piscassem tanto, o encanto se desfaria, minha alma morreria.

Milena, seria este seu nome de verdade? Talvez fosse outro: Joana, Maria Fernanda, Amanda, Irina, Martina, ou tantos outros. Milena fosse apenas uma alcunha, pobres nomes, que não conseguem dar nome a tanta beleza junta.

Milena é clarinha como um dia de sol. Tem olhos verdes, ou seriam azuis? Seios que mais parecem melões maduros, ainda pequeninos, começando a amarelar, por serem colhidos no melanzal, corpo parecendo uma escultura de Michelangelo, cintura mais fina que a de uma viola sertaneja, pele como a de um pêssego rosado, na tonalidade exata para falar de amor.

O derrière de Milena parece ter sido projetado a compasso, pelas mãos de um arquiteto que aprendeu, com seu primeiro amor, a fazer amor.

Os cabelos de Milena são louros como o da boneca da espiga de milho antes de escurecer. De regra, durante a malhação na academia, são presos em coque. Soltos ao vento fazem qualquer um desejar ser levado pelo tal vento sassaricante.

E o sorriso de Milena? E as covinhas que passarinham pelo cantos dos lábios de Milena? E as sardas discretas que têm a sorte de conviver com o rostinho angelical da mocinha linda, que não conta a idade, deve ter pelo menos a idade ideal para se casar, felizardo de quem conseguir tal feito glorioso!

Imaginem ver a linda Milena vestida de noiva? Seria uma noivinha recatada, discretamente linda, com a belezura de uma cotovia mulher, com seu canto mavioso.

Ah!, não poderia jamais imaginar Milena na lua de mel.  Ah!, se fosse eu o marido escolhido! Não a deitaria na cama nupcial sem enchê-la de flores, desnudá-la cadinho a cadinho, da cabeça aos pés. E depois cobri-la de amor. Bem devagar, saboreando-lhe o corpo todinho, pedacinho a pedacinho, sem deixar de admirar cada milímetro quadrado, cada pontinho escondido, cada metro esquecido, por algum macho empedernido.

Não sei se esqueci de mencionar algum detalhe do corpo perfeito de Milena. Talvez, podem dizer, sem muita procedência, que a altura de Milena não seja alta. Mas, para que tanta minúcia? O que importa, em verdade, é o sorriso que se abre nos lábios carnudos da linda moça mulher.

É um sorriso lírico. Cheio de dentes brancos, escondidos naquela boquinha feita para receber um beijo, do fundo do coração de um apaixonado. Confesso-me, sem medo do padre não me dar o perdão, se fosse eu o apaixonado, pois já sou enamorado de uma Rosa linda, flor da qual não desejo nunca retirar os espinhos, caso não existisse a tal rosa do meu jardim, companheira, parceira, mãe exemplo dos meus dois filhos, avó do meu querido Theo, pela Milena Sorriso Franco me apaixonaria. Perdidamente, até o final dos meus dias.

Um dia, não sei qual foi o dia, quando me preparava para deixar a academia do LTC, eis que chega a linda moça mulher, que se chama Milena.

Ela, com seu sorriso aberto, com sua alma pura, veterinária, agrônoma, e outros títulos de curso superior que não sei declinar quantos são, em defesa de sua tese de mestrado, parou para me cumprimentar.

Antes que a ela manifestasse toda a minha admiração, chamou-me para fora da ante-sala da academia.  Pediu-me que sentisse o perfume de uma flor recém aberta de um pequeno jardim.

Assim o fiz. Não sem tentar sorver antes o perfume de Milena.

Foi nesse exato minuto, depois de sentir o perfume da flor, não sei qual flor seria ela, não a flor de nome Milena, na iminência de deixar o ambiente saudável da academia do LTC, a linda moça mulher se derreteu num derradeiro sorriso.

Em seu lugar, naquele canteiro jardim, onde a flor de cheiro fresco e perfumado foi transformada em uma pequena poça de água de olhos claros. Corpo feito para o amor. Cintura que não se mede em fita métrica, e sim pelo enlaçar dos braços. Boca linda, lábios carnudos e vermelhos da cor de sangue. Sardas bem distribuídas ao acaso. Seios duros como pétala de rosa. Traseiro feito para se admirar sem reticências. Só para olhar, sem passar a mão.  Tudo mais, fora o sorriso de Milena, que sai fácil daquela pessoa linda, por dentro e por fora, foi por mim imaginado, com o seguinte título : “a linda moça mulher que se derreteu num sorriso, fez todo mundo sorrir, graças ao sorriso de Milena”.

 

3 comentários sobre “A linda moça mulher que se derreteu num sorriso

  1. Que lindo, Paulo. Fiquei lisonjeada. Primeira vez que leio palavras tão lindas a meu respeito. Quantos detalhes. Amei todos. Muito bom seu blog, vc escreve super bem. Vou ler sempre suas crônicas. Obrigada por fazer meu dia mais feliz 😀 beijos

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