Onde começa um e termina o outro?

Tudo na vida tem começo, meio, e fim.

Nascemos. De crianças nos tornamos jovens. De jovens nos carregamos de responsabilidade.

A partir de então, adultos formados, só vivemos para pagar boletos, trabalhar diuturnamente, e, uma vez casados vivemos para a família. Que coisa boa é assistir ao nascer dos filhos.

Depois sobrevêm os netos.

Aí, nesta fase da vida, uma vez aposentados, com que carinho passamos horas a fio a cuidar dos netinhos. Pequenas criaturinhas inocentes. Que sorriem ou choram fazendo caretas. Muitas delas tenho registradas no meu celular.

Já fui criança. Já fui jovem. Já passei pela fase de adulto.

Ainda trabalho em intensidade moderada. Não tenho ganas de me aposentar. Ainda me sinto capaz de fazer quase tudo que fazia antes. Só que hoje tenho o prazer de fazer apenas o que me apraz.

A partir de qual idade nos consideramos velhos?

Bem sei que para ser considerado idoso precisamos ter mais de sessenta anos. Ou seriam mais?

O fato é o idoso tem suas prerrogativas. Pagar meia entrada em manifestações culturais. Poder estacionar em certos espaços a eles destinados. Muito embora quase sempre sejam desrespeitados. Andar de ônibus sem pagar o bilhete. Não ter de esperar na fila. Pois ao idoso  é destinada a tal fila preferencial.

Hoje acordei com uma estranha sensação. Ou seria indefinição?

Seria eu idoso? Ou velho? Ou ainda não passei a infância ou deixei de  ser menino?

Qual seria o limite entre um e outro. Ou apenas me iludo ao pensar que a velhice ainda está longe de chegar.

Entre a idade em que me posiciono, e aqueloutra que é definida entre o velho e o moço, ainda não me situo entre uma e outra.

Corro quando a ocasião enseja. Nado mesmo quando a temperatura se mostra fria. Ando como notícia ruim. Sonho como se fosse um menino.

Muitas vezes penso que ainda sou jovem. Embora a idade não condiga com os anos que tenho.

A partir de alguns meses apenas entro na casa dos setenta. Em absoluto não sinto o passar dos anos. Hoje a idade não pesa tanto aos meus ombros ainda fortes.

Daí a minha dúvida. Estarei já idoso? Deixei de ser criança?

Qual seria a linha divisória entre uma e outra?

Agora não mais tenho vinte anos. Fazem tantos anos que deixei de ser menino.

No entanto, ao brincar com meus netinhos, me sinto como eles.

Deito no tapete. Deixo-me cavalgar. Só não me alimento com suas papinhas pois nada sobraria aos meus netinhos.

Bem sei que um dia não mais estarei por aqui.  Deixarei a vida me levar.

Pra onde? Nem desejo pensar. Pois, no momento em que me encontro, ainda penso ser menino.

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