A!, não fosse por eles

Sou grato por tantas coisas. Quase impossível enumerá-las.

Pela vida que Deus me deu. Não posso me esquecer do papel fundamental que meus pais tiveram.

Pelo lar que vim ao mundo. Pelos ensinamentos herdados. Pela família primeira que me acolheu. Pelos amigos que tive. Pelos que ainda estão ao meu lado.

Agradeço, a um ser superior, pelas oportunidades que a vida me presenteou. Pelo que acabei conquistando. Não pelas posses modestas as quais deixarei aos meus filhos. Nestes dias de hoje aprendi a não me deixar seduzir pelo dinheiro. Pela saúde sim. A esta reverencio pela qualidade. Felizmente a tenho a dar aos outros. Até hoje não tenho do que me queixar.

Agradeço, de mãos estendidas, pela alegria por estar vivo. Conquanto outros, mais jovens, já perderam a vida durante esta pandemia. Quantas vidas se perderam. Infinitas. Quase incontáveis.

Aprendi a celebrar cada minuto por estar aqui. Quase sempre a mesma hora. A relatar o que este novo dia me inspira. E são tantas as inspirações, que, se ficasse aqui a contar quantas seriam, a lista se alongaria tanto, que não caberiam em muitas folhas de papel.

Agradeço, da mesma maneira, a capacidade e o discernimento, de escrever com tanto alento. O que seria de mim sem estas palavras tantas. Que brotam de dentro do meu cérebro irrequieto.

Ah!, o que seria do meu eu, sem este dia quando o mês quase fecha os olhos. Julho quase se despede. Outro semestre se aproxima.

Ah, o que seria de mim sem a presença deles todos. Netos só me trazem alegria. Ao lado deles me sinto mais jovem.

Hoje são três. Parece que parei nestes meninos espertos. Ontem estava cercado por eles. Eles não param quietos. Brincam, pulam as minhas costas, fazem beicinhos quando desejam que eu, com a idade dobrando a serra, me agache no tapete da sala.

Quase não tenho pique para me igualar a eles. Por mais que me esforce o cansaço me põe a nocaute.

Deixo-os dormindo. E eu, que quase não tenho sono, sonho com eles.

Ah!, não fosse por eles o que seria de mim. Um avô sem netos é um pássaro que não aprendeu a voar. Uma árvore despetalada de folhas. Um lar sem afeto.

Ah!, não fosse por eles. Com quem brincaria nestes tempos de isolamento?  A quem iria presentear nas festinhas de aniversário? Dar presentes a mim mesmo não tem graça. E, qualquer carrinho é motivo mais do que suficiente para retirar daquelas carinhas um sorriso de criança.

Ao lado deles me rejuvenesço. Não fosse por eles não sei o que seria de mim.

Não vejo a hora de voltar a casa. Agora eles estão dormindo, enquanto eu já estou acordado faz tempo.

Ai de mim não fosse pelas suas presenças infantis. Meus netos são a continuação de mim. A perpetuação da minha espécie. O meu porvir.

Ah!, se não fosse por eles. Nesta hora só tenho a agradecer. Pelos filhos que me deram netos. Pelos meus pais por tanto afeto. Pela vida que me foi presenteada. Por este dia. E por todos os outros. Enquanto estiver por aqui.

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