Por certo não seria esse

A vida é feita de escolhas.

A gente nasce, apesar de não escolher onde nascer, cresce, mais uma vez não podendo escolher quantos centímetros vai atingir, passa pela idade jovem, não sabendo qual caminho escolher, ficamos adultos, mal sabendo se o sucesso vai nos bafejar, idosos ficamos , mal sabendo o quanto de tempo nos resta, e, sem poder eleger o dia despedimo-nos da vida num dia espero ainda distante de quando vai acontecer.

Eu não escolhi meus pais. Nem de longe imaginava quem seriam eles. Nem a cidade aonde vim ao mundo. Se pudesse escolher seria nesta mesma cidade onde passei a maior parte da minha existência. Amo Lavras apesar de seus defeitos. E quem não os tem?

Com muita convicção, muito embora não tenha tido aconselhamento dos meus progenitores, enveredei-me medicina adentro. Foi uma escolha acertada. Se pudesse escolher de novo seguiria os mesmos passos de antão.

Certo dia escolhi me casar. Creio ter sido uma escolha acertada. E se pudesse eleger seria esta mesma mulher. Hoje, vinte e oito de janeiro, é o dia de nosso aniversário de casamento. São tantos anos passados que nem me recordo quantos.

Mais uma vez tive de optar. Quantos filhos teria? Optei por um casal. Foi por minha opção.  Muito embora não soubesse se seria uma menina ou um menino o segundo filho nascido cinco anos depois do primeiro.

Parei por aí. Creio ter sido uma escolha acertada. Dois filhos é a conta que sempre desejei.

Tempos depois vieram os netos. Desta feita não foi escolha minha. Foi meu casal de filhos que escolheram assim. E me confesso feliz com as suas escolhas. Mas, se uma menininha viesse, a minha alegria seria completa.

A vida é feita muitas vezes de escolhas. Se vamos à frente ou retrocedemos. Se nos aposentamos ou persistimos no trabalho.

Pena que muitas vezes a escolha não depende de nós. Se vem a doença não seria por nosso desejo. Se continuamos em busca da felicidade ou a tristeza inunda os nossos lares. Se temos sucesso nas nossas empreitadas ou seremos um retumbante fracasso.

Outra escolha que independe de nós é o quanto de vida que ainda nos resta.

Aí, neste ponto da encruzilhada, a opção não parte de nós. Cabe a uma força superior decidir qual seria o nosso momento final.

Hoje, neste vinte e oito de janeiro, acordei pensando nas escolhas que fiz.

A mulher com quem me casei foi uma escolha acertada. Meus pais, apesar de não os ter escolhido, foram, com certeza uma dádiva dos céus. Meus filhos foram partícipes de uma escolha que não partiu de mim. Meus três netinhos foram outra benção dos céus.

No entanto, neste dia lindo, céu quase azul, sol a brilhar, neste vinte e oito de janeiro, com certeza  absoluta não seria a escolha ideal para me despedir desta vida maravilhosa que tenho levado.

Se tivesse de escolher um dia para morrer com certeza não seria este. Pretendo adiar esse dia sine die. Pra quando? Deixo esta escolha nas mãos de Deus Pai.

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