Livro, palavrinha de muitos significados e de muitos entendimentos.
Pra mim, até então, nesses meus setenta e cinco anos de vida, livros têm sido objeto de grande devoção. Tenho editados vinte e um. Se fosse contar quantos textos já deixei escritos, acabei perdendo a conta. Creio ter sido um número que beira mais de vinte mil. Fazendo as contas, cada coletânea de crônicas tem inseridas umas duzentas. Se fossem mais o livro seria considerado obeso. Quantos livros mais seriam? Deixo a contagem a vocês.
Livros me aprazem. Passarinhar os olhos nos meus escritos, muito mais.
Noutro dia estive relendo as crônicas de um livro meu cujo titulo é Foram-se as Nuvens. Que crônicas apetitosas de se ler. Foram quatrocentas e vinte páginas de puro deleite. Cada uma mais gostosa de passar os olhos. Segundo a observação pertinente da minha querida secretária enfermeira Zaninha que disse textualmente: “doutor Paulo. Não sei qual a mais linda que a outra. São tantas que o senhor lê pra mim que estou me acostumando a gostar de uma boa leitura. Por favor, leia mais umazinha só”.
Livros, pena que a tal internet faça concorrência desleal com os livros impressos. Agora quase todos estão se acostumando a ler apenas no computador. E os livros de papel, com aquelas capas de fino sabor. São cada vez mais preteridos. E livrarias são fechadas a cada dia. Bibliotecas são esvaziadas. E pessoas lêem cada vez menos.
Livros, coisinhas que amo tanto. Pra mim jamais serão relegados ao olvido do esquecimento. Terão lugar cativo na estante por detrás de mim. Serão lidos frequentemente. À sombra uma árvore de rica sombra, no intenso calor do verão, ou no frio invernal. Livros, é só abrir a primeira página e se dê ao deleite. Não carece de eletricidade e nem estar ligado a internet. Acostume-se a ler. Comece pelas crônicas. Viaje pelos romances. São tantas as opções de boa leitura que se não gostar de uma, caminhe pela segunda.
Livros, amontoado de letrinhas miúdas, unidas em parágrafos que podem ser curtinhos ou alongados. Tudo isso caprichosamente encadernado. Pra ser considerado livro aquela obra de arte tem de parar em pé. Livros fininhos demais são facilmente escorraçados pelo vento.
Livros de verdade moram em casas livreiras ou de vez em quando podem ser lidos em bibliotecas. Eles atraem a atenção de gente inteligente. São fundamentais para nos tornar eruditos. Livros bons resistem ao tempo. E não esquentam prateleiras, pois passeiam de mão em mão.
Livros, coisinhas sadias de se ter ao desfrute dos olhos. Quer presente melhor pra se dar a uma criança? Pra mim bem melhor que do que um carinho de bombeiro vermelhinho. Que se for de plástico espatifa ao menor descuido.
Ler, aprender nos livros, melhor professor não há. Comece dando exemplo aos seus rebentos. Passe horas absorvendo o conteúdo de uma boa leitura. Desligue a televisão a hora de dormir. Ler faz bem ao sono.
Livros, sadia compulsão que me dou ao desfrute. O ato de escrever me consola.
Já li muito mais. Desde que comecei a escrever me envolvi tanto com as letras. Afeiçoei-me tanto as palavras. Engordei tanto meu vocabulário. Que não desejo outra vida a não ser continuar assim.
Definir livro é muito fácil. O difícil é ficar sem eles. A perfilarem na minha estante. Um dando apoio ao outro. Escorando o que vem depois.
Não me importa se a internet, os tais e-books, ou coisas símiles, tentem substituir um bom livro impresso. Vou continuar vendo meus filhos livros nascerem numa maternidade chamada editora, ou gráfica, como queiram.
E desfrutando da minha predileção sadia de ler e escrever.
Livro, nada mais gostoso do que aprender em seus escritos.
Não existe melhor definição do que seja livro. Melhor ainda aprender a gostar de ler, muito mais…