Está aberta a temporada de caça

Antes gostaria de fazer um breve preâmbulo sobre uma pessoa.

Administradora de um clube nascido nos idos anos de um mil novecentos e cinquenta. Não sei em que mês ou dia aconteceu esta efeméride.

Ambos, vizinhos de perto, naquela mesma rua onde passei a minha infância, temos quase a mesma idade. Somos os dois desprovidos de vaidade. Não colecionamos desafetos. Creio eu.

Ainda me lembro de quando ali brincava, piscinava naquela piscina funda, onde um trampolim majestoso me fazia colecionar galos na testa, não tão ancha como agora, duas quadras de tênis magníficas, onde praticava este esporte em jogo de duplas aguerridas ao lado de meu pai, dona Nieta Moreira, professor Osvaldo Louzada Serra, João Van Dem Berg Jr, Mielo, doutor Almir de Paula Lima não foi do meu tempo, e tantos outros que talvez no presente momento praticam o tênis no céu dos anjos. Trajando aquelas vestimentas branquinhas como as que se usam nas quadras do tempo sagrado do tênis. O inigualável Wimbledon.

Onde meu ícone das raquetes, no começo daquele torneio, recebeu uma ovação incomparavelmente grandiosa. Caso fosse um candidato que pleiteia o cargo de presidente, ex condenado, julgado culpado, agora fora da cadeia, se fosse ele a ovação seria recheada de ovos podres e fétidos.

A minha homenageada nesta crônica, que talvez seja a derradeira que escrevo, já que na próxima quarta vou ser operado na Santa Casa, de um enfermidade que rima com esforço, pressão abdominal, nada mais é que aquela mulher, olhos de um azul da cor do céu que hoje se mostra, céu de brigadeiro, não aquele docinho que nos faz salivar, é chamada de Patrícia.

Não uma patricinha qualquer. Trata-se de uma mulher dinâmica. De fala mansa. Presente nos locais mais inesperados. A primeira vez que a encontrei foi de enxada na mãe, tentando limpar um antigo paredão de tênis, enfiado nos fundos daquele clube, pertinho de onde o saudoso Volmiro morou. A outra foi no dia de ontem. Noutra dependência deste mesmo clube. Tentando dar cara nova a um ginásio. Onde vai ser a sala de lutas. Vizinho da quadra coberta onde jovens meninos praticam voleibol, futebol de salão e basquetebol.

Foi com esta Patrícia que acertei detalhes do lançamento do meu novo livro. Sem data prevista. Por certo antes que a florada dos ipês se agasalhem na terra mãe onde elas, ainda jovens e lindas, caem fazendo da relva ressequida o seu sepulcro.

À Patrícia os meus mais respeitosos votos de sucesso na sua empreitada. Não tão somente de restaurar a imagem deste clube vetusto em anos. Mas jovem aos olhos dos meninos que fazem parte da escolinha, em suas distintas modalidades, acolhidos fraternalmente aí.

Voltando às vacas frias, ou quentes, nunca seja morno, tão somente, não fique em cima do muro, fale, cante, grite, solte seu grito estridente aos quatro ventos, vote, consciente, não troque voto por sacos de cimento, que podem endurecer, já que estes mesmos sacos têm prazo de validade vencido, comprado em lojas falsas, como são certos candidatos. Não confunda lebre com raposas, já que a maioria dos que pleiteiam votos são verdadeiros raposões não confiáveis. E como é difícil separar o joio do trigo, ao chegar a urna, seria bom diferenciar entre aquela urna que recebe o defunto, a outra onde se depositam os sufrágios, vou me ater tão somente em comentar sobre as próximas eleições.

Entre caçar, com uma espingarda, e cassar, com dois esses, existe um abismo que, de tão profundo, quase se aproxima do final do mundo.

Este mesmo mundo, vasto mundo, palavras estas as quais usou um certo escritor. Que não fui eu o autor.

Estamos às vésperas de depositar nas urnas a nossa intenção de voto. Já eu, em quem eu voto nem às paredes confesso. Nem me lembro de quando fui a um confessionário confessar meus pecadilhos. Penso serem naniquinhos como os de um pintor de rodapés sem joelhos.

Agora, julho em seu começo, faltando menos de quatro meses para as eleições, a temporada de caça se abriu. Abra seus olhos antes de escolher seu candidato. Não confie naquele que apenas o visita antes do pleito. De promessas vãs o inferno se locupleta de capetas ou cramulhões. Que novela deliciosa, como a tal Juma Marruá, a qual, no capítulo de ontem se despiu, não deu pra ver, completamente, durante a transa com o felizardo Juventino. E como gostaria que fosse eu a nadar naquelas águas tépidas dos rios do Pantanal.

Não assoprem nos ouvidos da minha amada esposa. Ela pode virar onça. E, se ficar raivosa quem sofre sou eu.

A temporada de caça, com ç, tem começo. Só iremos ver o desfecho assim que as urnas, não funerárias, fecharem as bocas.

Cuidado para não serem enganados por falsos messias. Muitos candidatos podem ser messiânicos. E podem, depois de elegidos, tentar levar no avião malas recheadas de dinheiro. Não deles. E sim frutos de furtos, resultados de propinas e benesses de empresas chamadas laranjas. Que depositam os lucros polpudos em paraísos fiscais.

Está decretada a abertura da caça aos votos.  Confie desconfiando. Use alguns pés de coelho e ferradura velha pra não se ferrar de vez.

Dê asas a imaginação. Não estenda a mão a quem não mereça. Fuja quando a coruja acorda. E, antes que seja tarde acorde você mesmo.

Outubro escorre dentro em breve. Desconfie de santinhos com carinhas de anjinhos barrocos. São eles ícones de pés de barro mole.

Depois não digam que eu não os alertei.

 

 

 

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