“Obrigado Dona Chuva!”

Como tem chovido neste começo de dezembro.

Novembro dependurou o guarda-chuva bem molhado.

E chuva, desde que não seja tempestade, é uma benção aos ares da roça.

Aquela garoa fininha.  Chuvisco de molhar bobo. É coisa que pra mim assemelha-se a viver no paraíso. E como seria o tal?

Um lugar paradisíaco é chover no molhado. Deve ser chamado de paraíso um logradouro de beleza infinita. Onde vacas pastejam bucolicamente.

Onde cavalos e suas fêmeas, ou qualquer um da família equídeo.

Considerados os animais mais belos do planeta em que vivemos. Entre todos conhecidos.

Onde cisnes brancos nadam num lago pra lá de bonito.

Onde lindas mulheres, sejam de qualquer idade for, não se cubram da cabeça aos pés como as muçulmanas. E desfilam sua beleza ou desprovidas de tal. Em passarelas não proibidas para menores. E onde marmanjos, como eu, podem apreciar tal cena magnifica. De dar de comer aos olhos. No bom sentido exato da palavra.

Voltando a chuva que tem caído. Chuvadonha é a expressão usada pelo mestre da inovação. Meu colega falecido quando empossado na Academia Brasileira de Letras. O grande autor de Sagarana e outros livros que o imortalizaram. Não carece dizer que seja João Guimarães Rosa.

E ela vem e para. Retorna e o céu azuleia.

Agorinha a pouco cheguei de minha roça.

Passamos dois dias em ótima companhia de meus três netinhos. Seus pais. E amigos chegados que merecem citação.

São eles: Marcelo que ama cavalos e sua esposa amada Dona Rose. E seu filho que não conhecia. Desculpe-me por não citar seu nome. Minha querida amiga de tantos anos comigo. Cidadã Ijaciense – Ângela. Minha esposa que leva o nome de flor. Todos conhecem a minha Rosa. Stenio e sua bicuizinha gauchinha, especialista em maconha, não sei se ela fuma um baseado. Mas que sabe tudo sobre os efeitos medicinais da Canabis. E a pescadora Vitória. Chamego do meu netinho Gael. Minha pequena jornalista e blogueira com quase um milhão de seguidores no Instagram- Bárbara. Seu príncipe consorte, especialista não apenas em cirurgia plástica e beach tênis- Daniel Reis. E amigos prestadores de serviço. Entre eles merecem menção honrosa Tonho e seu sogrão. Um baita servente pra toda obra. E Tom Zé. Meu ajudante de ordem e progresso.

E a chuva despencava. Mesmo assim eu montava dois dos meus cavalos.

E ainda de quebra me joguei n’água fria da piscina.

Ao chegar ao meu pedaço de chão. Agora em outras mãos mais zelosas que as minhas.

Serviu-me de cenário a roça de milho do meu amigo Roberto da Dona Lúcia.

De uma planura infinita. De uma beleza sem par.

Pezinhos de milho verdinhos erguiam as mãozinhas pro alto. Em atitude de agradecimento a chuva mansa que caia.

Não resisti e me dobrei àquele cenário paradisíaco.

E me meti a conversar com um pezinho de milho recém emerso da terra fecunda.

“Meu querido milhinho. Que lindo você se mostra. Até parece sorrir depois da chuva que recém despencou. Que felicidade pressinto em vocezinho. Não é verdade meu amiguinho? E seus irmãozinhos? Estão satisfeitinhos? Como vocezinho”?

E elezinho retrucou a minha fala mansa: “sim senhor. Esta chuvica que cai teve o poder de me fazer nascer e sorrir. Estava me sentindo abafado debaixo da terra. Como um defunto recém soterrado. Da minha sementinha nasci. Logo estarei embonecando. De boneca de cabelos ruivos me tornarei uma espiga grandota. Se passar do ponto vou endurecer. Serei uma espiga graúda. Que só vai prestar para silagem ou fazer fubá. Antes que outra chuva brava pegar no meu pé pretendo, se Deus quiser, me proteger de maus olhados ou mandingas. Daqui a alguns dias vosmecê pode afanar as minhas espigas em ponto de comer milho verde assado ou cozido. Ainda sou bom na pamonha ou curau. Ah! Já ia me esquecendo de fazer um agradecimento de coração aberto. Aliás, de grãos de milho amarelinhos e maciinhos. Obrigado Dona Chuva. Você é dez mil.”

Num é?

 

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