Nunca pensei

Pensamentos avoam. Assim como os pássaros.

Desde quando menino pensava no que a vida me reservaria.

Se cresceria. Se ficaria da altura de um pezinho de banana nanica. Ou, contrariando a genética da família, iria espichar além da altura de uma palmeira esguia.

O tempo acabou elucidando a minha dúvida. Não cresci muito. Talvez apenas os sonhos ultrapassaram o pouco sono que tenho agora.

Os pensamentos fazem parte do meu eu desde quando me entendo por gente.

Pensar, filosofar, extravasar o que nos vai por dentro, faz parte uníssona da espécie humana. Dizem que o pensar é o que nos diferencia dos animais. Seria?

Neste exato momento tenho pensado na vida. E, a melhor forma de por pra fora os nossos pensamentos é inserindo em textos o que sentimos.

Hoje, nesta sexta-feira, linda, sol a brilhar no infinito, acordei pensando alto. Não disse a nenhum outro o que me passava no íntimo.

Estamos passando por tempos difíceis. Tudo vai mal. Parece.

A alegria parece estar confinada entre quatro paredes. De repente fomos intimados a ficar isolados dentro de casa. Como se fosse possível a um trabalhador, com muitas bocas a tratar, permanecer sem sair às ruas. O trabalho nos  conclama. A lida diária se faz necessária.

O trabalho enobrece o homem. Seja de que sexo for.

No dia de ontem soube de um acontecimento que me fez pensar na vida.

Um amigo, pessoa a qual julgava sem defeitos, trabalhador compulsivo, alegre, extrovertido, tentou dar fim a vida. Foi salvo por uma filha.

Que, quando tudo estava quase perdido, acabou desatando a corda que o sufocava. Salvando o pai da morte certa.

Meu amigo, felizmente, no dia de hoje, ainda se encontra internado num hospital. Mas logo receberá o salvo conduto para voltar ao nosso convívio.

Tomara ele se restabeleça. Em pouco tempo assim espero.

Esse meu caro amigo sempre sorria ao passar por ele. Trocávamos amenidades. Ríamos da desgraça alheia.

De repente, por falta de trabalho, ele fora despedido da firma onde labutava, entrou numa depressão profunda. Não mais saía de casa. Não por recomendação da atual situação. E sim por um sentimento estranho. Que o fazia triste, acabrunhado.

O meu querido amigo no dia de ontem tentou dar fim a sua existência. Num instante de pura insanidade.

Nunca pensei que a falta de trabalho pudesse levar a uma atitude impensada como esta.

Nunca imaginei tal desvario.

Hoje, nesta sexta-feira linda, sol a brilhar, temperatura amena, acordei pensando na atitude deste meu amigo.

O que faz com a gente a ociosidade? O que nos leva a incapacidade de trabalhar para sustentar a prole.

Até no momento presente não havia pensado no que nos leva a depressão. Já hoje tenho a certeza.

É o ócio. A desocupação.

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