Lá, ao longe, se encontra o meu refúgio

Lugar seguro e cercado de paz pra onde alguém vai para não se expor a situação de perigo. Dá no mesmo que dizer abrigo, esconderijo, amparo ou proteção que se pede a alguém.

O tal refúgio pode tanto ser dentro da própria pessoa. Pois, quando nos refugiamos dentro de nós mesmos, como o tal casulo onde morava uma linda borboleta, antes que ela se metamorfoseasse, encastelada na própria casa, de onde saiu prestes a avoar e enfeitar os ares. Pousando de flor em flor. E como me dá pena ver uma linda borboleta esvoaçante de asas de cores misturadas entre azul e vermelho, morre sem experimentar o doce sabor da vida ou o amargor dela mesma.

Eu posso dizer que sou um felizardo. Primeiro por ter sido convidado a vir a este mundo por intermédio dos meus queridos pais. Segundo por ter conseguido juntar, nesta segunda familia, a quem pretendo deixar como legado não meus bens materiais e sim a inteligência linguística a que fui presenteado. Dois filhos e três netinhos encantadores.

Não uma fortuna em bens materiais e sim outra de igual valor: ética, decência, zelo com as coisas e loisas de terceiros, bom senso (pode alguém duvidar desta última virtude, já que sempre acordo a mesma hora, que seja num domingo ensolarado como esse. E não faça uma viagem a além mar. E fique aqui escrevendo e descrevendo o meu cotidiano sempre).

Me considero afortunado por ter sido agraciado com esse imenso vocabulário. Dizem por aí que sou uma verdadeira enciclopédia de duas pernas e dois braços ultimados pelas mãos. Ao que não contradigo.

Como também me sinto felicíssimo por ter alguns refúgios onde me escondo. Díspare daquele velho esconderijo que de cá se deixa ver distinto dos verdes anos quando nasci.

Pois, nos fundos daquela rua onde passei a infância. Hoje chamada de rua Horácio Carvalho. Nós, o ex Paulinho, menino jovenzinho lourinho, usava brincar de esconde esconde com seus amiguinhos, muitos deles falecidos. Numa caverna que nada tinha de cavernosa e sim se tratava de uma pequena gruta. Feita por nós mesmos. Usando restos de material de construção. Telhas de cimento amianto. Blocos de concreto restos de uma casa que não foi terminada. E, aquela mesma gruta ensombrada por bananeiras vetustas servia-nos de refúgio em nossas brincadeiras juvenis.

Outro refúgio merecedor de citação é esse aqui onde escrevo tanto. Tanto crônicas que retratam meu cotidiano como romances que mostram amores que não deram certo e outros que acabaram por pura incompatibilidade de gênios.

Já tive refúgios quando menino.

Outros me fizeram de novo sentir-me tal e qual uma criança as vésperas de receber o bom velhinho. Já terceiros, uma vez adulto, estes refúgios inseguros me fizeram procurar o colinho quentinho de uma pessoinha que infelizmente não existe mais- minha mãe.

Uma vez aqui chegado, neste domingo quase finado março, na próxima segunda a tarde viajo pra América, não para descobri-la como fez, por um acaso, Cristóvão Colombo. E sim para mudar os ares levando meus três netinhos para conhecerem a Disney.

Com uma breve interrupção passando alguns dias em Miami. Onde espero assistir ao torneio Miami Open de Tênis. Torneio esse onde espero receber um convite para dele participar já que Djokovic e Nadal não participam. E, quem sabe eu saia vencedor. Não de saia e sim com um troféu gigante e um polpudo cheque em dólares.

Aqui, neste meu refúgio seguro das interrupções de terceiros, ao olhar pela janela deste meu sétimo andar. Avisto, ao longe, atrás de uma plantação de eucaliptos, por detrás de uma serra baixa, situa-se o Barreiro de Baixo. Entre este local agradabilíssimo, banhado pela represa do Funil, entre Contendas da bela Ijaci, situa-se meu céu, meu mar azulado e sem ondas.

Ali mora minha rocinha antes prejuizenta. Agora transformada em uma fazendinha rentável. Graças aos braços fortes da pessoa que a ela me arrendou. Depois e anos e anos tentando entender que vaca somente dá leite (dá não. Tem de tirar),aos olhos atentos do dono. E pra isso tem-se de acordar ao cantar do galo ou ao cacarejar da sua amada galinha. E estar sujeito as intempéries e peças que o clima nos oferece.

Este meu refúgio seguro. Local ermo e perdido entre algumas matinhas ensombradas e lindas. Onde vacas se refugiam na intenção de parir. E cavalos e éguas se amoitam nos dias de forte calor. Ao qual dei o nome de Solar Paulo da Rosa.

É meu refúgio predileto.

É pra lá que vou aos finais de semana. Logo bem cedo, aos sábados. Pra lá me direciono.

Por vezes vou só. Ali, em companhia latidora de meus dois amiguinhos Clo e Robson, me esbaldo na linda piscina de águas azuis e frias.

Neste sábado fizeram-me companhia meus dois amigos o Buré e seu primo Marcelo.

Esse último, embora resmungão e de cara fechada. Como me afiançou seu primo Buré. Tem um coração hipertrofiado de amor.

E como Marcelo sabe fazer um excelente Cozumel. E mestre que é num bom churrasco desde que eu leve as carnes e sua cerveja preferida- a Heineken.

Meu Solar serve não apenas e tão somente para me consolar das agruras da vinda.

E também para que eu continue a escrever esse meu romance Rakel. Que hoje está com mais de duzentas páginas recheadas de ação, mistério e todos os melindres de sexo.

De novo olho pela mesma janela. E, lá, bem distante, por detrás daqueles eucaliptos. Bem atrás daquela serrinha. Esconde-se este meu refúgio especial.

Se quiserem posto no meu Face, e de vocês, amigos. Mais uma fotografia dele.

É tão lindo como uma borboleta azul pousando mansamente numa azaleia multicor.

 

 

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