Ainda não encerrei meu aprendizado. De olhos e ouvidos atentos continuo a aprender.
Nessa altura do campeonato. Já na prorrogação do segundo tempo. Ainda tenho tempo para aprender.
Foi-se aquele tempinho bom quando, ainda menino, comecei a aprender o baba.
Pelas letras me apaixonei. Não tanto pelos numerais me encantei.
Era bom aluno em português. Já matemática não era a minha matéria predileta. Não fazia feito em tabuada. Mas na hora de pagar as contas até hoje deixo a minha amada esposa. Não que seja avesso a contabilizar números. Mas prefiro deixá-los mofar num canto. Já que perdi o encanto pelas contas que sempre aparecem em horas indigestas.
Hoje, deixando a mocidade bem distante dos meus olhos. Nem me lembro mais de quando fui criança. Em dezembro próximo desfaço-me dos meus setenta e cinco. E adentro um aninho a mais. Não que me considere velho. Pois velho tenho como um sapato que nem meia sola resolve. Tenho cá comigo que aprender sempre talvez seja uma maneira idílica de nos sentirmos sempre jovens. Como nos idos anos de nosso jardim da infância. Das priscas eras do primeiro ano primário. Quando, sem querer desejando deixamos o lápis cair por baixo da carteira dura feita de madeira escura. De nossa coleguinha de pernas grossas e intenções pecaminosas. Para, com um espelhinho feito em cacos observar se elazinha usava calcinha ou nada mesmo na intenção de encobrir sua falta de decoro. Pois bem sabíamos que aquela menina não era tão ingênua. Já bem rodada na cama de outros coleguinhas sortudos como eu gostaria de ser.
Aprendi, depois de certa idade, a anular qualquer vaidade. Já que perdemos os cabelos e nossa cabeça se enche de experiência e sabedoria. Acumuladas no decorrer dos anos.
Tenho aprendido, na idade em que me encontro. Que a vida é feita de encontros. Embora hajam tantos desencontros pela vida.
Aprendi que a vida é um eterno aprendizado. E, se não continuamos a aprender somos postos de lado. Em detrimento daqueles que sabem mais.
A vida tem me ensinado muito. Que não se deve deixar pra depois o que se deve fazer hoje e agora. Pois não sabemos se o amanhã vai chegar pra nós.
Tenho aprendido sempre. Pois quando deixar de aprender considero findo meus dias aqui na terra.
Hoje me sinto consciente de que nada adianta nos preocuparmos com o que vem depois. Vivemos o agora. Já que o amanhã tem a incertitude das horas. E o passado já se foi.
Aprendi, durante os anos todos vividos e bem. Que de nada adianta guardar rancores e ressentimentos. Já que sentimentos menores não nos fazem melhores. Já que um dia iremos partir. E lá, onde iremos morar, as nossas virtudes irão prevalecer. E nossos defeitos serão computados não em nosso favor.
Tenho aprendido muito. Que não se deve esquecer os bons amigos. E não se deve estender a mão pra fora do carro pois podem afanar seu anel. Melhor ficar o dedo e perder a aliança. Bem dito.
Aprendi, nesses meus setenta e cinco janeiros. Que fevereiro logo vai chegar. O ano pouco tempo vai durar e não vamos nos desgastar por isso.
Aprendi, no meu aprendizado que continua. Que não se deve deixar de lado nossas boas intenções. Já que as piores serão computadas a hora de subirmos ao céu. Pois ainda não sabemos pra onde iremos. Se para baixo ou para cima. E nem eu quero saber ainda.
Aprendi, na idade em que me encontro, que nada mais gostoso que receber um abraço carinhoso de um netinho. Junto deles me sinto outra vez menino. Brincando descalço na enxurrada das minhas lembranças mais ternas.
Tenho aprendido muito desde quando nasci. E espero que meu aprendizado nunca termine.