Já me decidi

Nem sempre fui tomado de imediata decisão.

Por vezes fui traído pela fértil imaginação.

Tateava aqui. Titubeava acolá. Sempre movido por passinhos trôpegos desde tenra idade.

E lá se foi a mocidade ao longe dos meus setenta e três anos. Os vinte se deixam ver à distância. Os quarenta me parecem perdidos na bruma densa da saudade.

Palavra sem símiles exatos em qualquer outro idioma. Em alemão saudade se grafa Sensucht.

A imediata e intempestiva decisão não deve ser tomada de afogadilho. Pensar antes é o que recomendo agora depois de tanta sofreguidão.

A paciência nunca foi uma qualidade minha quando mais jovem do que hoje o calendário enseja. Não tinha sossego na espera de qualquer que fosse. Sempre cheguei antes da hora marcada. Quem espera fadiga. E não tenho como descansar após aquele a quem espero custa a chegar.

Decidi-me. Depois de chegar a certa idade. Aqueles setenta e três que hoje me cavalga às costas.

A torcer pela seleção brasileira na copa que em pouco vai pra cozinha. Embora a minha torcida não seja bem sucedida quase morri ao assistir ao jogo Brasil contra Croácia. Foi uma derrota maiúscula embora escrita em letras minúsculas. O jogo terminou em empate no tempo normal. E foi decidido em pênaltis. Após a prorrogação.

Já me decidi por votar no Bolsonaro na eleição para presidente da nossa nação brasileira.

Como ele não foi vencedor acabei por torcer pelo nosso amado Brasil. Já que todo povo tem o desgoverno que bem merece. E o nosso povo fez bem por merecer o tal molusco cujo nome é o mesmo dele.

Já votei. Por minha escolha pessoal. Num outro candidato ao planalto que foi impichado por ser chamado o caçador de marajás.

E noutro que tinha a vassoura como sua meca de campanha. O mesmo presidente acabou por renunciar assoberbado por sua louquice transitória. E nos fez arrepender amaramente por nele ter votado.

Já votei em deputados. Senadores. Governadores e prefeitos de minha cidade.

Até em vereadores enfiei meu voto nas urnas. E na maioria das vezes arrependi-me amargamente. Eles todos não cumpriram as promessas de campanha. Simplesmente ignoraram suas falas. Transformando-se em Pinóquios narigudos. Filhos de madeira do carpinteiro Gepeto.

Estamos satisfeitos com a governança da nossa prefeita Jussara. Ela foi minha coleguinha em várias fases da minha vida escolar.  Temos a mesma idade. Somos desprovidos de vaidade. Não tivemos a vontade de esticar nossas pelancas pela cirurgia plástica. Embora meu genro e o marido da minha colega de bancos escolares seja ainda um baita remodelador de rugas e pés de galinha.

Já me decidi por outro candidato à prefeitura de minha amada Lavras. E meu colega de farda não me decepcionou. O Zé foi um excelente mandatário de minha cidade. Emborra não tenha sido eleito a deputado penso que ele irá se candidatar novamente a um cargo eletivo de nosso estado.

A nossa prefeita atual é quatro vezes reeleita. Não sei se ela vai se candidatar novamente.

No entanto. Pensando em mudanças. Já que a vida seria insuportável não fossem elas.

Já me decidi em quem votar de agora a mais anos.

Ele é um empreendedor de sucesso. Não precisa tirar vantagem do cargo a que eu proponho que ele seja.

O dono da PEMI. Patriarca afável no trato. Pessoa de riso fácil e dono de uma prosa boa. Merece ser indicado a prefeito de minha cidade.

Não que descarte outras candidaturas. Já que não estamos numa ditadura por que não ele?

De antemão já decidi a quem dar meu voto. Por hora é apenas uma indicação um tanto precipitada.

Mas fica cá este nome que no dia de hoje. Data natalícia da minha esposa Rosemirian. Irmã um ano mais nova que sua irmã Virginia.

Já. Não digam que não falei. Falem mal dele ou se calem para sempre.

Péricles Pereira merece ou não a minha indicação?

Pra mim já me decidi em quem votar. E pra vocês? Quem há de ser será…

Deixe uma resposta