O mais puro sorriso reside na beleza ingênua dessa linda pessoa, que responde pelo nome de:

Encanta-me o sorriso amarelo das flores do ipê que no mês passado deitaram-se ao chão.

Causa-me fascínio a gentileza daquelas amigas, enfermeiras, funcionárias do Ame, com as quais estive hoje cedo.

Deixa-me encantado a sutileza do bom dia recebido no dia de ontem, ao aqui chegar, por volta do meio dia, na parte da tarde, a mim desferido por uma mocinha, pra mim desconhecida, mas, pelo seu sorriso amável, olhinhos de onde faiscaram gotinhas de amor, pelo visto ela me conhecia, ou através dos meus escritos, ou pelo urologista que ainda sou.

Alegra-me sentir no peito a alegria das pessoas, aquelas vindas da roça, ao perceberem gotas de água cristalina descerem do céu, em forma de chuva mansa. Que inunda o verde esmaecido da cor verde pálido, como verdes eram os olhos de minha mãe.

Causa-me estupor sentir o abraço dos braços de um amigo, mesmo que ele não esteja presente, em carne e osso, seja este mesmo abraço afago desferido através da internet, numa rede social qualquer, instrumentos mais e mais usados hoje em dia, num futuro perto cada vez mais pungentes.

Faz-se bem demais ouvir, nem que seja de longe, o canto amargo das seriemas, já que uma se perdeu da outra, numa curva da estrada, num logradouro ermo.

Como me sinto amado, ao ali chegar, na roça que tanto amo, um bando de canarinhos da terra ciscando o esterco seco do curral. E as vacas se despedindo dos seus bezerros novinhos, ainda envoltos em restos de placenta, uma delas não querendo se afastar do nascedouro do seu rebento, e deixa as outras irem pasto adentro, numa fila indiana, lenta e pachorrentamente.

Como me apraz ser ouvido atentamente durante a leitura de uma crônica recém-escrita. Ir, durante a leitura, em voz alta, corrigindo os senões, caso eles existirem por um erro de digitação somente.

Adoro ao ser lido, embora conclua o quão é difícil vender livros num país onde um ex-presidente prega e alardeia a incultura. E pessoas acham caro um livro gordo como foi meu derradeiro, ser vendido por apenas cinquenta reais, quando, assim que muitos de nós deixamos a mesa de um bar, depois de cinco ou mais cervejas, tira-gostos não tanto satisfatórios, quando o garçom exibe a conta de mais de cem reais, damos uma nota de cem, mais dez de gorjeta, não obstante o serviço ter deixado a desejar, e partimos satisfeitos com o repasto, no dia seguinte toda a comilança e beberrança vai pelo esgoto, poluindo lagos, rios e afluentes.

Mesmo assim persisto na aventura de escrever e não deixar textos lindos ao desabrigo. Pois, se bem imagino, não se deve escrever para o próprio desfrute, e sim para que outros amantes da leitura degustem-se  com nossas letras e palavras juntas.

Como disse antes, de volta do Ame, ali vou, de ônibus circular, as quartas e quintas- feiras, feliz por ser útil na minha outra arte, da urologia, depois do atendimento matinal, quase hora do almoço, uma das minhas colegas de trabalho, enfermeira diplomada em boa escola, simpaticíssima ao exagero, entra minha sala adentro para pedir que lhe avie uma receita, de tarja azul, embora ela vista branco diáfano como a neve no inverno não tropical.

O tal fármaco não é pra ela. E sim para uma pessoa, amiga mais que especial dela mesma.

Uma vez prescrita a receita, à minha escolha o medicamento, antes por mim usado, na intenção de melhor passar a noite, agora dispenso o tal produto, minha querida inspiradora do texto de hoje a tarde, mostra os dentes perfeitos, naquele ingênuo e puro sorriso, que responde pelo nome Duda.

 

Deixe uma resposta