Casca Grossa e Casca Fina

A gentileza, o refinamento, a educação, se medem pelo jeito acolhedor com que nos recebem em qualquer parte ou lugar.

Não restam dúvidas que caras feias não só espantam moscas bem como os insetos daninhos são atraídos como a abelha ao mel.

Gentileza gesta gentileza. Cordialidade atrai simpatia.

Bom humor significa alegria. Que não somente nos contagia assim como tanto nos eleva o espírito. Num momento difícil, tão comum nestes dias de angústia, onde a miséria e a fome campeiam, seja no hemisfério sul assim como mais ao norte.

No dia de ontem recebi pelo zap um vídeo pra mim enviado por um primo distante.  Filho mais velho do tio Bento. Irmão mais longevo do meu saudoso pai.

Seu nome é José Carlos de Abreu.

O filme, de curta duração, mostrava a pobreza que campeava num estado, considerado o mais rico dos Estados Unidos da América.

A Califórnia, tendo como as maiores cidades – Los Angeles, São Francisco, San Diego, e outras menos populosas. Sendo considerada celeiro da América. Meca do cinema. Tendo Hollywood como um oásis da sétima arte. Dali são filmados filmes que amealham somas polpudas de arrecadação. Pelas ruas largas e avenidas movimentadas se podiam ver barracas, espalhadas pelos calçadões. Pessoas dormindo ao relento. Desabrigados famintos a esmolarem, de mãos estendidas pedindo, please, help, me ajudem.

E como acreditar, justamente no país tido como o mais rico entre todos os congêneres. Não somente o desemprego. A falta de perspectivas de crescimento. A fome em contraste marcante com a opulência. Carrões último tipo conviverem, lado a lado, com carroças que de repente estragam. Deixando o trânsito antes solto e finalmente emperrado.

As dificuldades por que estamos atravessando são difíceis de serem superadas.

Quem sabe, algum dia, poderemos deixar aos nossos sucessores, um mundo melhor.

Onde a fraternidade, o abraço sem medo de do outro lado entenderem mal a nossa atitude.

Espero, que minha esperança em dias melhores, mais amenos, não tarde muito.

Bem antes que seja convocado a morar num paraíso encantado. Um mundo ainda desconhecido. Pois quem se foi não voltou. Se de fato existe o céu e o inferno. Cada um com suas características díspares.

O título da minha crônica, desse vinte e três de setembro, uma primavera que começou cinzenta e chuvosa, recebeu o nome de Casca Fina e Casca Grossa.

No meu entender as pessoas por mim alcunhadas de Casca Grossa nada mais são do que indivíduos mal-educados. Que recebem mal os seus clientes ou simplesmente aqueles que batem a sua porta em busca de um auxílio qualquer. Que sejam ensejados pela fome. Pela falta de recursos para encher, ou pelo menos minimizar a fome dos seus filhotes novinhos. Que deixam o ninho materno sem, no entanto, terem aprendido a voar, com suas asinhas frágeis e inseguras.

E como existem pessoas desse tipo. Talvez sejam a maioria nestes dias bicudos por que passamos.

Já os por mim nomeados de Casca Fina, têm mãos limpinhas e sedosas como penas de gansos ou cisnes brancos.

São pessoas educadas. Estudadas. As quais, mesmo não tendo cursado os bancos de faculdades. Foram gentilmente, ainda meninos crianças, tratados com carinho no berço de um lar bem estruturado. Onde o bom diálogo entre pais e filhos não transformavam a hora do almoço, ou o lanche da tarde, em discussões intermináveis e infrutíferas.

E como, nestes tempos conturbados e confusos, os chamados de Cascas Finas são considerados essenciais para continuarmos adiante. Enfrentando procelas e tempestades.

E sairmos vencedores na eterna luta renhida vida afora. Até quando formos chamados a trocarmos de morada. Quem sabe qual será o nosso destino final?

Oxalá, com certeza, vai estar reservado um cantinho no céu. Justamente aos por mim chamados de Cascas Finas.

 

 

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