Giovani Bambu

Nunca vi sequer uma pessoa que faça píer de bambu.

Via de sempre esse aprazível caminho. Que nos leva por uma passarela. Não aquele onde misses desfilam. E sim em direção ao meio de um lago. Que tem inúmeras serventias. Tanto onde o nosso barco possa atracar. Quando a gente se cansa de navegar. Onde, no final daquele caminho. Que tanto pode ser estreito ou da largura do nosso coração. Tal e qual o coração de mãe. Onde sempre cabe mais de um.

É construído de madeira que tanto pode ser de eucalipto tratado. Que antes deve receber o bate-estaca. Para fincar a sua base que tanto pode ser barrenta. Ou calçada de pedras duras.

E gota a gota sempre quase fura. A exemplo cito gotas d´águas. Que de tanto baterem costumam furar. Sejam as cabeças duras de gente cabeçuda. Ou de moleiras moles. Como as de um recém-nascido.

Já o quiosque na plataforma final pode ser coberto tanto de sapé como de telhas mesmo.

E, aquele lugar de vista maravilhosa, da minha casa à beira da represa do Funil. Naquele lugar ensombreado. Onde se pode por uma mesinha tosca. Nas horas de sol a pino. Beber uma cervejinha estupidamente gelada. Acompanhada de tira gostos seja qual for. A gente passar horas e horas, ou pescando. Ou apenas acompanhando o ruído das marolas que se quebram não na areia. Já que ali as ondinhas não são do mar. E sim resultados do tráfego de embarcações que vão e vem. Como aquelas marolinhas mínimas que meu cão Pirunguinha.

Aquele mesmo que vive feliz à solta. Em outra represa a de Camargos.

O tal píer que encomendei a outro fazedor de píer. Tão bom e perfeccionista como esse com o qual estive na manhã deste sábado iluminado. E juntos posamos numa fotografia segurando meu livro: “Leia com meus olhos.” De nome Giovani Bambu. Morador da nova Pedra Negra, bairro de Ijaci. Que é, além de experto na sua arte. Já foi jogador de futebol. Não tão craque como um fumador de pedra de crack. Aquele vício maldito que leva à insanidade não só ele como sua familia. E o joga na rua da amargura. E acaba aniquilando não só a própria vida levando a reboque seus entes queridos.

Giovani, além de seu bom humor que contagia e nos inebria de felicidade. Desde quando o conheci por ele me afeiçoei.

E creio que nos tornamos amigos de verdade.

Hoje ele me passou o orçamento de quanto iria ficar o trabalho. Além do projeto do píer que ele me enviou pelo zap.

As peças que ele iria usar na sua obra que flutua sobre as águas não eram de bambu. E sim de madeiras mais nobres que a falecida Rainha do Reino Unido. Nem tinham sangue azul como circula em suas veias e artérias de igual tipo de sangue.

O tal Giovani não apenas me encantou com sua simplicidade como também por sua prosa boa.

Junto a ele passaria a semana inteira contando causos. E nossos causos iram continuar até a conclusão do meu píer. Ou infinitamente muito tempo mais.

Meu novo amigo Giovane Bambu. Não sei se você foi ou não um bom jogador de futebol ou um perna de pau.

O fato que gostaria de deixar escrito, neste texto de hoje à tarde, neste sábado risonho e iluminado.

É que você, seja quem você for. Um perna de pau ou um craque da bola. Mesmo sem a fama de um Neymar. Pra mim você se tornou. Desde quando o conheci.  Não apenas um excelente profissional. Como pra mim penso ter conquistado. Não uma copa do mundo. Muito menos que você tenha a fortuna de um Neymar.

A você, Giovani Bambu.

Bem sei que píeres não se constroem com bambus.

Mas sim com muita destreza e capacidade.

Virtudes que você tem de sobra.

 

 

 

 

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