Duro aprendizado do Paulinho Nunca Mais

“Andávamos tão invernos que qualquer outono nos fazia acreditar não existir primaveras. Mas ouvimos, cá dentro, como uma brisa despretensiosa, vai passar. Vocês verão”.

Eu quero ser amado pelo que sou. Não por aquele que fui

Este segundo escrito é da autoria do Paulinho escritor. Um urologista envelhecido que não sonega ou renega a idade. Mas de certa forma se recusa a deixar de ser menino.

Viver é um eterno aprendizado. E pobre daquele ser vivo que vive sem olhar o entorno. Observando o voo dos pássaros. Escutando o alarido do silêncio.  Perscrutando o farfalhar de asas frenéticas de um beija flor em volta do seu ninho a dar de comer aos filhotes. Ou até mesmo vendo um amor renascido das cinzas depois de anos e anos sem se verem de novo.

E quem já não pisou o solo americano desconhece o que seja modernidade.

Sempre fui um admirador confesso do American way of living. Traduzindo à nossa língua pátria- estilo americano de vida.

Lá não se considera feio cobrar quem está te devendo. Feio sim é quem está te devendo ficar bravo quando é cobrado.

Na América mais ao norte o inglês quanto mais se sobe no mapa mais aquele belo idioma é praticado. E, quando se desce. Onde passei alguns dias. Naquele estado mais ao sul na costa leste. Chamado de Estado Sorriso (para ser mais exato Flórida). Difícil se torna praticar o inglês. Pois a imensa maioria dos que ali vivem falam o espanhol bem latino. Entre todos encontrei venezuelanos, porto riquenhos, oriundos das Bahamas. E pasmem! E alguns brasileiros endinheirados consumindo atabalhoadamente nos shoppings, out lets, mals, como se fala lá. Com muitos muitos dólares a gastar e, na volta só nos resta chorar ao ver o tamanho da encrenca nos cartões de crédito em reais irrealmente fora de nossas posses.

O norte americano faz justiça ao “do yourself”. Trocando em miudezas faça você mesmo.

Mas eles não se esquivam a hora de dar uma informação sobre qualquer assunto desde que você tenha uma proficiência razoável em inglês.

Este Paulinho que descreve esta viagem. Cujo término foi ontem. Derradeiro mês de março. Já estamos em pleno dia da mentira. E eu juro não faltar com a verdade.

Foi recheado tanto de aplausos como estresses. Pois, não restam dúvidas: não é fácil viajar em grupo mesmo se tratando de famílias.

Miami é uma cidade esplendorosamente bela e risonha. Ela se equipara ao Rio de Janeiro. Lá, a exemplo de sua coirmã, Orlando, não sei por que esse nome. Pois, de boca em boca não se vai a Roma. E eu perguntava a todos quem era o tal Orlando e nenhures sabia onde nem quem era.

E, logo no primeiro dia de compras. O tal Paulinho, ensacolado, andarilho como sempre fui. Acabei me distanciando de três pessoas admiráveis. Embora fossem verdadeiras tartarugas mancas no caminhar. Imaginem correrem como eu.

Só que um pequeno detalhe me faltou ao bom senso.

Não tinha o costume de me guiar por mapas chamados de GPS. E nem havia me lembrado de gravar em minha memória o nome de nosso hotel.

Fatos relevantes em se tratando de brasileiros no exterior.

E meu celular, pra acabar me acabando, não tinha chip para usar internet em qualquer lugar onde não houvesse wi-fi.

E quase dei com a vaca indo pro brejo da desesperança morta.

Confesso- me perdi.

Meus acompanhantes tartaruguentos ficaram no meio do caminho. E, como bem disse o grande poeta escritor mineiro nascido em Itabira. Não irei declinar-lhe o nome pois todos sabem que seu sobre é Drummond. E ele poetou: “no meio do caminho tinha uma pedra”. E repetia a rima entremeando mil pedras no meu caminho.

E minhas montanhas, não de Minas, acabavam se amontoando no meu percurso daquela rua que não era minha e nem tinha mil pedrinhas para ladrilhar. E como era grande aquela avenida interminável tida como uma das principais em Orlando. Cujo nome era Internacional Drive.

E, eu, Paulinho, médico metido a deixar sair da minha boca seis idiomas. Corredor de meia pataca. Urologista ainda não jubilado. Espero que esta data triste caia num primeiro de abril e nunca seja verdade. Com meu intestino processador de alimentos a cada hora e meia; tive de fazer um pit stop em hotéis cinco estrelas nos quais nunca me hospedaria jamais ( pleonasmo).

Sem internet ou patinete motorizada. Sem wy- fi confiável. Sem saber o nome de meu hotel desestrelado. Com um único parâmetro que fosse uma torre não um bispo ou uma rainha.

E por ela passei sem dar-lhe um cheque mate. Acabei dando as fuças há mais de dez km adiante. Caso andasse mais chegaria a minha amada Minas Gerais.

Por sorte, vou jogar na mega sena da virada. Não sei em qual número apostar.

Dei de cara num restaurante de boa comida e melhor ainda recepção.

Foram eles a salvação da minha lavoura. Embora não seja apreciador de arroz com feijão.

Ali consegui me conectar. No meu celular semi novo inseriram um aplicativo do Uber.

E pude, afinal, voltar ao hotel quase uma pensão de quinta.

E o por que dos porqueres de Paulinho Nunca Mais?

Confesso ter sido um duro e pão duro aprendizado.

E, se por acaso de um desaso me perguntarem se volto de novo à América afirmo e não nego.

Digo um sim bem grandão.

Se Cristóvão Calombo não se encalombou com as picadas de pernilongos, por que não euzinho?

Já que o diminutivo de Paulo é Paulinho. E outro diminutivo, mais simpático, de Pacu é Pacuzinho.

Por que não continuar aprendendo?   E o Nunca Mais melhor um até breve EUA.

 

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