“Ai Ai” como exemplo

A quem, nestes dias complicados, onde falsos ídolos pululam na mídia sanguinolenta, jogadores de futebol sem muita coisa a invejar, globais que apenas mostram a cara bonita por cima de um corpo forjado em academias depois de uma dinheirama gasta em cirurgias plásticas, podemos inserir o nome às costas da camisa, e sair com ela vangloriando-se febrilmente, como um dia pude ver um rapazola, todo faceiro andando no mesmo passeio vendo-se estampado na parte de trás de sua camiseta o nome de um futebolista aqui nascido, depois se transferiu ao futebol francês, não preciso escrever-lhe o nome, que se assemelha àquele buraco de uma mesa coberta por um pano verde, onde entram bolas duras depois de encaçapadas por um tiro certeiro.

Exemplos bons e ao revés proliferam por aí. No meu caso, desculpem-me a ousadia por puxar a fila, caso escolhesse alguém a ser copiado, o nome que entraria na parte dos fundos da minha veste a qual se usa para correr, seria o do meu pai: Paulo Abreu. Ou, em segundo lugar, outros bons exemplos existem a serem seguidos, não em ordem, e sim se alternando ali, poderiam ser: Federer, Saramago, Proust, Nietsche, Guimarães Rosa, e, quando ficar famoso, por meus livros tantos, que tal Paulo Rodarte?

Mais uma vez perdoem-me a imodéstia. Considerem como um chiste tal dito escrito.

Como disse o mundo está pelas bocas de bons exemplos. A gente os encontra em cada lugar inimaginável. Até mesmo entre os políticos eles podem ser achados. A história regista em suas páginas mais de mil. Se bem que por aqui mais e mais eles escasseiam.

Quem anda pelas ruas, como eu, nesta manhã de segunda, vinte e cinco de setembro, antes das seis da manhã, ao descer à cozinha para tomar minha maltodextrina com leite e banana, batida no liquidificador com cautela para não despertar meu vizinho, ouvi, do lado de fora, meu canarinho cantar. Foi aquele o canto da madrugada mais lindo que já escutei. Quem sabe o nome do canarinho, batizado de Russinho, fosse o eleito para enfeitar as costas da camiseta que um dia vestirei?

Seria um bom exemplo de sonoridade, pois do canarinho Russinho nunca poderiam falar que ele recebeu propina. E pisou na bola depois de um chute mal dado.

Quem mais, penso escrevendo agorinha mesmo, o relógio do computador marca antes das sete da manhã, a partir das oito me transformo em médico urologista, poderia ter seu nome gravado às costas da minha camiseta, uma das tantas que uso nas correrias, ou nas estradas dos arrabaldes da minha amada Lavras, ou na esteira do LTC?

A resposta a tive menos de dez minutos antes. Foi aqui mesmo, numa pesquisa recente por um portal noticioso, aberto na página da excelente Navinet, a qual dava uma notícia fresquinha, que um pedinte andarilho, que anda pela cidade a pernas desgarradas, sempre pedindo uma moedinha, sobre uivos de “ai ai”. Caso me perguntarem seu nome me esquivo de dizer. Na rua o reconheço, pois ando tal e qual ele mesmo. De quando em vez, quando as tenho na algibeira, a ele dou uma moeda das grandes. E quando não a tenho ele agradece, assim mesmo.

Por este mesmo portal soube do seu ato de honestidade pura. O “Ai Ai” depois de encontrar uma carteira, recheada de documentos, e uma soma em “dindim” da qual não fui informado de quanto seria, devolveu-a prontamente a uma pizzaria, pois coisa dos outros não lhe pertence. Como pago por seu ato de responsabilidade cidadã ele recusou a pizza. Reafirmando que preferia mais moedinhas.

Eureca! Já sei o nome de quem irei mandar bordar na minha camiseta. Caso algum dos meus leitores souber informar qual o nome correto do “Ai Ai” me mandem por e-mail mesmo.

Sendo “Ai Ai” podem pensar que estou com as pernas doloridas, de tanto correr tanto.

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