A quem irei deixar como legado

Pensando no porvir. No dia em que tiver de partir. Numa viagem sem volta a um lugar desconhecido. Tenho pensado em deixar como legado as coisas que colecionei em vida. Desde meu nascimento a minha despedida.

Foram poucos bens. Duas ou três casas.  Um apartamento onde moro. Uma rocinha que só me deu prejuízos e muitas alegrias. Uma conta bancária de pouca monta. Algumas vestimentas em bom estado de uso. Tênis são vários. No entanto, no dia em que tiver de partir. Por favor, eu lhes peço, encarecidamente. Não deixem meus livros ao abandono.  São mais de vinte até no dia de hoje. Pretendo encompridar essa lista em mais um ou dois. Se me deixarem escrever até no final dos meus dias.

E a quem deixar meus pertences? Meus bens materiais?

A quem vier depois do meu passamento pretendo deixar como herança meu sorriso de felicidade. Aquele sorriso gostoso que me acostumei a sorrir quando brincava com meus netos.

Deixarei a um dos três, quando não estiver mais por aqui. Minha égua de pura marcha. Espero que algum deles aprecie uma boa cavalgada. E que ele faça bom uso da minha montaria. Minha égua se chama Felicidade. Essa mesma felicidade desejo a eles. Que seja eterna enquanto durar.

Deixarei como legado, de papel passado, se preferirem assim. Aos meus queridos netinhos. Toda a sabedoria que ajuntei. Nesses anos todos que vivi. Que eles três cresçam não apenas em estatura. E espichem ainda mais até poderem alcançar o sucesso o qual sempre corri atrás.

Deixarei aos meus filhos, se eles concordarem. Que eles dois sejam felizes como eu tentei ser. E ainda mais desejo a eles dois. Que sejam mais que irmãos. E sim verdadeiros e confiáveis amigos.

Deixarei a minha esposa. Se porventura ela sobreviver a minha pessoa. Que ela guarde boas lembranças minhas. As ruins ela apague no esquecimento do olvido.

Ao meu irmão Fred, se ele estiver vivo depois da minha despedida.  Que ele se lembre do seu irmão que só desejou saúde e bem estar junto aos seus.

A minha querida Rosinha. Minha irmãzinha do coração. Que Deus possa iluminar seu caminho. E que a guarde com a mesma inocência que sempre teve. Com essa carinha boa que sempre me recebeu nas visitas breves que fiz a você.

Aos meus leitores. Aqueles que apreciam os meus escritos.  Que não deixem minhas crônicas apenas arquivadas nesse meu computador.  Por favor, eu lhes peço: compilem-nas em mais uma coletânea. Aqui, onde elas moram, podem sofrer um ataque de algum vírus. Que vai por fim aos meus escritos.

Aos meus amigos deixarei a certeza da minha amizade sincera. E como foi bom e prazeroso tê-los ao meu lado quando ainda na minha existência terrena.

Aos meus desafetos. Aqueles que não gostam de mim.  Tenham a certeza que eu não lhes desejo mal. E qualquer mal entendido seja superado. Não vale a pena viver sem bem querer. Uma boa amizade não se compra nem se vende. Adquire-se graciosamente.

Aos meus pacientes. Aos quais tive a felicidade de curar ou atenuar dores. Quero deixar expresso a vocês tudo de melhor que sempre desejaram. E que a alegria de terem sido curados faça de vocês pessoas melhores.

Não tenho muito a ser deixado. O que deixo atrás de mim espero que tenha o poder de amenizar o sofrer de quem sofre.

A minha família deixo a melhor pessoa que pude ser. E, se se lembrarem de mim o façam sem mágoas ou ressentimentos.

Foi muito bom viver junto a vocês.

 

 

 

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