Como se dar bem na vida

Sucesso- palavra que enseja muitas coisas.

Dentre elas êxito, bom resultado, triunfo.

Pra mim ser feliz na vida, alcançar nossos objetivos, não viver reclamando, ter sempre um sorriso na face, viver de bem com as pessoas, ser amado e retribuir amizades, dar bons dias mesmo que o dia não seja perfeito, abraçar mesmo a desconhecidos, fingir-se feliz mesmo não sendo, o sucesso pode ser alcançado mesmo nas derrotas. E, caso a gente se debruce sob a terra, tropece e vamos ao chão. Mesmo assim isso tudo não vai impedir nossa felicidade. Num esforço de novo nos levantamos. Continuamos a nossa caminhada. De cabeça erguida olhamos pra frente. Sem nos importarmos com as dificuldades que se interpuserem em nosso caminho.

Nem sempre para se dar bem na vida mister se faz galgar os degraus de uma universidade. Certo que os estudos concorrem para se ter sucesso. O conhecimento faz parte de nosso existir. Mas tem gente que chega aonde deseja mesmo não sendo graduado. Graças ao trabalho digno também se vai ao longe.

Tenho um amigo, jovenzinho esforçado, cujo nome é Chiquinho. O sobre nem ele sabe qual seria. Já que não conhece o pai. A mãe o deixou na rua abandonando-o quando ele ainda era bem novinho. Esse mesmo Chiquinho, aos quinze aninhos, conheceu o lado sombrio da vida. Como não tinha estudos, nem uma casa onde passar as noites. Chiquinho ora dormia debaixo de um viaduto. Outra hora debaixo de uma marquise quando a chuva descia do alto.

O menino Chiquinho não tinha tempo para pensar em coisas e loisas irrelevantes.  Não tinha parança segundo sua folha corrida dizia.  Desdobrava-se em mais de dez sendo apenas um Chiquinho. Levantava bem cedinho. Filava um cafezinho magricela na padaria de um português velho conhecido. Nos tempos vagos fazia faxina na mesma padaria.

Aos vinte anos, ainda nas ruas, sempre a procura do seu ideal.  O jovem Chico teve uma idéia genial.  Como tinha prática em lavar carros acabou por montar um lava jato. Na rua onde tinha o costume de viver encontrou um galpão vazio.  Aquele cômodo entregue as moscas era tudo que precisava. Depois de uma boa faxina, de ter comprado a prestação uma bomba esguicha água. Mãos a obra começou a nova função.

A princípio não foi fácil. As dificuldades aumentaram já que não tinha licença da prefeitura pra começar o serviço. Fiscais cada níqueis de vez em quando apareciam. Chiquinho persistiu na sua obstinação.

Fazia-se de louco.  “Maluco beleza” se vangloriava o jovenzinho.  Fazia propaganda pelas ruas usando um mega fone.

“Procura o lava jato do Chiquinho. Seu carro vai sair novinho a um preço bem baratinho!”

E a procura só aumentava a porta do seu lava jato. Moedas graúdas tilintavam no seu porquinho cofrinho. A sua conta no banco nunca mais foi ao vermelho.

Chiquinho enricava. Montou um segundo e terceiro lava jato. E acabou comprando os cômodos onde os carros ficavam limpinhos.

Nas vizinhanças aquele jovem era tido como meio insano.  “Louquice que só me faz bem”. Regalava-se ele.

Um dia nos encontramos. Foi numa segunda feira quando levei minha caminhonete para receber uma limpeza.

A porta do seu estabelecimento Chiquinho sorria e dizia aos fregueses: “hoje é promoção. Lave seu carro e ainda tem direito a lavar o segundo pelo mesmo preço”.

E ele sorria estendendo a mão aos passantes. Uma enorme fila se formava a porta do seu lava jato.

Impressionado com o sucesso do Chiquinho a ele perguntei.

“Meu amigo. Como você conseguiu chegar a tanto? Você começou do nada. Menino de rua sem pais conhecidos. E agora, seu negócio se desenvolve a olhos vistos. Qual a receita do seu sucesso”?

Chiquinho, mal disfarçando a alegria me respondeu: “quer mesmo saber? Fazer-me de louco, antes não me levavam a sério. Agora, graças a minha louquice conquistei tudo que queria. A vida me ensinou que, uma dosezinha de insanidade não faz mal a ninguém”.

Pura verdade: de médico e de louco todos temos um pouco.

Agora, prestes a me aposentar. Quem sabe seria bom montar um lava jato.

 

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