Para não atazanar mais ainda a vida de vocês vamos começar com as melhores.
Pra mim nada melhor que acordar bem cedinho. Deixar meu apartamento antes das seis. E aqui chegar bem de mansinho. Com as ideias transbordando de inspiração. Na intenção de deixar aqui, nesse meu computador sofredor. Esses textos que já perfazem mais de vinte mil. Arquivados aqui até que crie coragem de editá-los em mais um livro. Nessa data, quase primavera, já são vinte e um livros a espera de mais um. Quem sabe, numa data não tão distante, eu possa ver o nascimento de mais um filho livro. Já que considero meus livros como filhos de verdade.
Nada que me cause maior satisfação que, ao ver o sábado chegar, sucedendo mais uma sexta feira, das tantas que já vi passar. Bem cedinho parto, sem as dores da partida, rumo a minha rocinha antes prejuizenta. Pena que em breve o arrendador das minhas terras tenha de se mudar. E eu, já com saudades do meu amigo Roberto, não sei o que fazer com aquele pasto a ser roçado. Com aquele curral que não mais vai ver o monte de vacas a serem alimentadas e ordenhadas. Com quem sempre mantive uma convivência mais que amistosa. Uma amizade desinteressada sempre nos uniu há tantos anos que nem me lembro de quantos são.
Nada melhor pra mim do que ver a tarde dar lugar as manhãs. Chegar pertinho das quinze horas. E sempre caminhando a passos lépidos até aquele clube intimamente ligado ao meu passado. Que hoje faz parte do meu presente. E ali me exercitar na intenção de não ser chamado de velho meio lerdo. E voltar a minha morada. Tomar um banho, nem muito frio nem quente ao desvario. Vestir meu pijama costumeiro. E pedalar lentamente naquela bike que não vai a lugar nenhum. Assistindo a um filme entre tantos já vistos pela Netflix.
Nada que me cause maior alegria do que estar entre meus netinhos. Pena que eles passam a ignorar a minha presença quando de posse de seus tablets e seus joguinhos pela internet. Seria bem melhor se elezinhos comigo caminhassem. Numa corridinha lenta como de vez em quando faço.
Nada melhor pra mim do que ver a noite dar lugar as madrugadas. Melhor ainda se não houvesse noites. Pra mim é uma perda de tempo ficar oito ou menos horas de olhos fechados. Fingindo dormir um sono que não existe.
Agora, ao reverso da medalha. Pensando ao oposto do opositor.
Nada pior pra mim do que ver a vida passar em brancas nuvens. Mesmo que as nuvens não existam. E a azulice do céu predomine. Como no dia de hoje, dezoito de setembro. Onde o sol, com sua amarelice cegante ofusca o azul que quase não se deixa ver.
Nada pior pra mim do que ligar a televisão, onde as noticias são sempre as mesmas: guerras que não terminam, invasões de países a outros dizimando vidas inocentes, violência desmedida, crimes sem solução, mortes no trânsito por motivos fúteis, desamor onde deveria predominar o amor, feminicidios injustificáveis e toda a sorte de maldade com a pessoa humana. Nesse nosso mundo tão sofrido, vendo nossas riquezas exauridas por pura ambição nossa.
Nada me faz tanto mal do que ver crianças esmolando nos semáforos quando deveriam estar na escola. Já que em casa tudo lhes falta. Inclusive amor, carinho, pais amantíssimos a cuidar deles.
Nada pior na minha concepção a ver cães vadios cavoucando sacos de lixo. Canis municipais sem recursos para acolher cães. E tantos pets de madames endinheiradas sendo tratados como crianças bem nascidas. Usando coleiras que mais parecem jóias. Levando uma vida de sonhos conquanto tantos meninos e meninas dormem ao relento. Verdadeiros párias sociais.
Ofende-me o decoro quando vejo, pelas redes sociais, os tais influenciadores digitais tentando vender imagens que em verdade não os são. E nada têm a acrescentar de bom aos jovens. Pior ainda. São imagens retorcidas de tudo que há de pior. A mídia aí está pra comprovar.
Nada pior, ao meu entender, do que poder ler, pelos jornais, apenas e tão somente fatos que nos fazem envergonhar de nosso país. Onde, lá fora pensam que só temos futebol e carnaval para mostrar. E se esquecem de nossas belezas naturais. Já que nosso Brasil não tem rival em tantas outras coisas. Basta abrir os olhos e não precisa fechar o bolso pois aqui o custo de vida não é tão vultoso como se imagina.
Nada pior pra mim do que não termos tantas livrarias como temos bares, supermercados e farmácias. E sermos tidos como de pouca leitura. Bibliotecas ficam as moscas. Bares lotados, repletos de bebuns, pra mim são contrastes gritantes que me ofendem o prazer de escrever tanto.